Votação acontecerá em reunião virtual extraordinária convocada com menos de 3 dias de antecedência

No começo de 2021 representantes das entidades representativas da USP de Ribeirão Preto – Adusp, SINTUSP, DCE e APG, entre outras – ficaram sabendo, através de moradores das áreas limítrofes, que uma base da Polícia Militar (PM) seria instalada dentro do Campus e que a construção do prédio já estava aprovada.

Apurou-se que a tal Base (para atendimento à população em geral e não apenas ao Campus) seria no local destinado ao Posto Avançado da Guarda Universitária, bem na frente do Restaurante Universitário e ao lado de duas agências bancárias.

Para tentar esclarecer a questão no dia 5/3/21, as entidades enviaram oficio ao Prefeito do Campus pedindo esclarecimentos. Como não houve resposta novo ofício foi enviado no dia 30/3/2021 (link para anexo – arquivo Oficio_Entidades 30-03-21). Novamente não houve resposta.

Também no dia 5/3/2021 o então reitor Vahan Agopyan encontrou-se com oficiais da PM em Ribeirão. No entanto, quando consultada pelo Informativo Adusp por meio de sua assessoria de imprensa, a Reitoria negou a criação de uma base da PM naquele Campus.

Em novembro de 2021, quando o prédio já apresentava características claras de base da PM –semelhante à construída no Campus da Capital – representantes dos trabalhadores e estudantes no Conselho Gestor (CG) do Campus solicitaram que o assunto fosse pautado e discutido na reunião de 8 de dezembro seguinte.

Nesta reunião foram feitas várias afirmações, pelo Prefeito do Campus, Sergio Albuquerque e Presidente do Conselho Gestor, André Costa, de que o local foi projetado e executado para ser um posto da Guarda Universitária e o máximo que se admitiu foi que haveria um “compartilhamento” com a PM. Consta textualmente na ata “O professor Dr. Sérgio Albuquerque procurou o processo de cessão para a Polícia Militar e nada encontrou…”. (posteriormente foram “descobertos” ofícios da PM confirmando a negociação).

No final arremataram que não existia realmente nada e qualquer decisão sob nova destinação do prédio deveria passar pelo CG. Como aliás pretendem fazer agora em uma reunião virtual, convocada com menos de três dias de antecedência e marcada para começar às 8 horas da manhã de uma sexta-feira.

Dois dias após essa reunião do CG de dezembro de 2021, o logotipo e a identificação da PM foram estampados na fachada do prédio supostamente construído e destinado para a Guarda Universitária . Em seguida a fachada foi coberta com uma lona plástica.

Mesmo diante de tantas evidências nenhuma palavra foi acrescentada pelos dirigentes locais nos dias seguintes quando o assunto chegou à imprensa. Já a PM tratou logo de confirmar aos jornalistas da TV Record que existia o acordo e o local seria mesmo base da PM.

Em janeiro de 2022, com a maioria dos representantes dos estudantes e funcionários em férias, promoveu-se uma reunião de dirigentes do Campus com o Superintendente de Prevenção e Proteção Universitária, José Antônio Visintin (a quem se atribui todo esse plano), onde não elucidaram as questões antes levantadas e apenas tentaram justificar a presença da PM no Campus da forma como estava sendo planejada, além de reclamarem bastante de terem sido chamados de mentirosos.

No dia 9 de fevereiro de 2022 as entidades enviaram ofício ao novo reitor, Carlotti, pedindo que ele suspendesse qualquer tramite da questão até o que o assunto fosse totalmente esclarecido e o debate estabelecido com a comunidade.

Ao invés de responder às entidades, Carlotti repassou os questionamentos ao recém empossado presidente do Conselho Gestor, Nuno Coelho, que elaborou um Ofício ao Reitor, tentando neutralizar as acusações feitas pelas entidades como o “desvio de finalidade” de uso do dinheiro da educação para construção de uma base para a PM. Também tento se esquivar do fato de que o assunto não ter sido debatido com a comunidade, mesmo tendo vários pedidos de reuniões negadas há praticamente um ano.

As entidades enviaram então novo ofício ao Reitor, dia 9 de março de 2022, rebatendo as alegações de “normalidade” apresentadas por Nuno Coelho e renovando a expectativa de que o processo todo fosse revisto. Inclusive, neste documento são apontados fatos documentais, colhidos no processo de construção da Base Avançada da Guarda Universitária, onde se comprovam as acusações feitas. Inclusive solicitaram a abertura de uma investigação contra os dirigentes envolvidos, principalmente contra Visintin (link para Ofício das_entidades_090322_base_campusRP_ ).

Em resumo as provas foram apresentadas e mesmo com tantas evidências não houve resposta por parte de Carlotti.

E enquanto as entidades ainda esperavam a abertura de diálogo, às 17h06 do dia 31 de maio de 2022, foi expedida convocação para uma reunião extraordinária (virtual), para votação de um Termo de Cooperação entre a PM e USP onde a Universidade não apenas cede o prédio construído e mobiliado – que custou mais de um milhão de reais.

Importante frisar que Documentos recentemente apresentados comprovam que as negociações da PUSP-RP com a PM prosseguiram desde a retomada da ideia, em dezembro de 2018. Tudo bem escondido. Se a intenção era lançar uma “polícia comunitária” conquistando a confiança de professores, estudantes e funcionários, o começo foi o pior possível. Diálogo zero na gestão passada, diálogo zero na atual gestão, que mantém o mesmo Superintendente de Segurança no cargo, e que, inclusive, além dessas provas apresentadas em Ribeirão Preto, acumula acusações de Assédio contra integrantes da Guarda Universitária em SP.

Até quando!?