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No restaurante central, unidade dirigida pela Pró-reitoria de Inclusão e Pertencimento da profa. Ana Lanna e da coordenadora Marie-Claire, os terceirizados sofrem com recorrentes atrasos de salários e benefícios.  Até a cesta básica,  direito elementar para o trabalhador poder se alimentar, está atrasada. Que inclusão e pertencimento são esses onde mães e pais de família não recebem o justo pagamento pelo seu trabalho? A USP e a PRIP SÃO RESPONSÁVEIS!

Afinal, trabalhar e não receber tem nome: escravidão!

Já não é de hoje que as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados sofrem com pagamentos atrasados. No final do ano passado, às vésperas do Natal, no Hospital Universitário e no Hospital Veterinário mais de cem trabalhadoras estavam sem salários e com benefícios atrasados.  Agora, foi a vez dos trabalhadores da sala de louça do restaurante central serem vítimas dos malefícios da terceirização. 

Na sexta-feira deveriam ser pago o salário já com o reajuste referente a janeiro. No entanto, somente após uma paralisação do setor aqui na USP e de mais de uma centena de trabalhadores da mesma empresa, a Vin Service, que atende o fórum da Barra Funda, a empresa começou a efetuar o pagamento, ainda assim, sem o devido reajuste salarial.  Além disso, a cesta básica está atrasada desde dezembro, e somente hoje, depois de quase 20 dias de atraso uma cesta foi entregue. Falta ainda a do mês de janeiro e a empresa não respondeu até agora quando vai corrigir a situação.

Não bastasse essa humilhação e descaso com os direitos, o vale transporte está sendo pago fracionado desde o ano passado. O trabalhador chega a receber o vale referente a um ou dois dias de trabalho e vive na incerteza sobre como vai chegar no trabalho no dia seguinte.

Toda situação já dramática ainda piora muito. Os trabalhadores estão com férias vencidas há mais de dois anos e há pelo menos 5 anos nunca receberam o pagamento da PLR (como é chamada a participação nos lucros da empresa).

Essa é a cara da terceirização na USP.

O mais absurdo de tudo isso é que a situação se arrasta já a alguns meses e a irregularidade das férias a alguns anos.

E a responsabilidade da USP nisso?

A USP vai dizer que paga regularmente as empresas terceirizadas e são as empresas que são responsáveis pela situação dos trabalhadores e pelos atrasos de salários.  Uma resposta um tanto conveniente para quem busca, com a terceirização,  impor uma lógica privatista de gestão de pessoal, precarizar as condições de trabalho e retirar direitos em geral de TODOS os trabalhadores da USP.

Mas isso não é verdade. A USP tem responsabilidade tanto na fiscalização dos contratos quanto nas condições de trabalho dos trabalhadores terceirizados.  Além disso, terceirizar é dividir, humilhar e precarizar as condições de vida da classe trabalhadora e é a porta de entrada para a escravidão moderna.

A luta contra a terceirização é para, em primeiro lugar, impedir situações como as que vemos na USP de atrasos de salários, assédios moral e sexual, sobrecarga de trabalho e adoecimentos físico e mental, mas contra a precarização das condições de vida e trabalho do conjunto da classe trabalhadora, de efetivos e terceirizados.

Hoje, os trabalhadores do Brasil todo se colocaram a questionar a escala 6×1, que rouba o tempo de vida, de lazer, de cultura e de descanso dos trabalhadores.  Na USP a escala 6×1 é exercida pelos trabalhadores terceirizados.  Precisamos nos unir contra essa situação e contra toda iniciativa da USP para aumentar a exploração dos nossos corpos e do nosso tempo,  tecido vital da vida.

Por isso, os trabalhadores efetivos da USP devem estar unidos aos trabalhadores terceirizados para não permitir mais situações como a que passam os trabalhadores do bandejão hoje e contra a terceirização e precarização do trabalho.

Pelo direito dos terceirizados ao justo salário corrigido e todos os benefícios, já!

Pelo direito ao BUSP para todos os trabalhadores terceirizados!

Contra a terceirização e pela efetivação de todos os trabalhadores terceirizados sem a necessidade de concurso. Igual direito e igual salário!

São Paulo, 10 de fevereiro de 2025