A prática do Assédio Moral institucional se tornou um problema endêmico na USP, atingindo uma boa parte dos funcionários. As vítimas são levadas ao adoecimento mental e físico, desenvolvendo síndromes ou transtornos que acabam por torna-las extremamente sensíveis, com isso as situações de pressão cotidianas acabam sendo gatilhos para crises de pânico e ansiedade ou adoecimento profundo, dificultam suas vidas por completo. As vítimas de assédio acabam por ter que constantemente buscar novas unidades para trabalhar, já que a USP pune a vítima e não o assediador. Muitas vezes, o funcionário em busca de tranquilidade para poder exercer suas funções é estigmatizado, sendo tratado como uma pessoa problemáticas, o que só faz agravar seu estado de saúde.
Na base do problema, está uma relação e organização de trabalho absolutamente tóxicas. As chefias não são nomeadas por concurso ou quaisquer critérios de competência, mas sim em base ao critério de confiança das direções das unidades/órgãos ou da gestão universitária. Dessa forma, a cada quatro anos, uma nova rede de mandatários (assistentes acadêmicos e administrativos, assessores, supervisores, encarregados, etc.) é imposta de cima para baixo de acordo com o desejo dos mandatários em seus respectivos escalões.
Com isso, toda sorte de “incompetentes confiáveis” acabam ocupando cargos de chefia, apenas por serem amigos ou puxa-sacos da direção, ou do professor X ou Y, mas sem a mínima condição de se impor pela competência, capacidade profissional e de diálogo, buscando impor sua autoridade na base do autoritarismo e da violência institucional, submetendo as pessoas sob suas ordens a todo tipo de insultos abertos ou velados, gritos, ofensas, provocações e outras formas mais sutis de desqualificação das pessoas.
Essa forma de composição da cadeia hierárquica, com base nas relações de amizade e interesses mútuos, inclusive familiares, faz com que as vítimas do assédio das chefias não tenham a quem recorrer, pois toda denúncia de assédio levada ao superior hierárquico do chefe imediato assediador vai chegar exatamente nas mãos da pessoa que o indicou para o cargo, que via de regra vai colocar a própria vítima sob suspeição, buscando proteger o assediador por este ser de sua própria confiança.
A USP, por sua vez, tem se recusado a assinar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que proíba a prática do assédio moral na universidade e, dessa forma, a universidade termina autorizando o assédio e blindando os assediadores. Tal postura faz com que o assédio moral esteja generalizado e institucionalizado em todas as unidades da universidade.
No caso da ECA, a senhora Maria Isabel Pita, que já passou por diversas unidades da USP, na maioria das vezes levando consigo um cargo de chefia sem que ninguém saiba ou, os que sabem, digam o porquê. Uma explicação que achamos plausível é uma possível amizade com a atual Vice-Reitora. O fato é que todos os lugares por onde passou, a tal senhora acabou por criar problemas e, finalmente, retornou à ECA, por onde já havia passado antes, para assumir agora a chefia da seção de patrimônio e almoxarifado.
Cerca de dois meses após ter assumido o referido cargo, ela já criou problemas com seu subordinado. O companheiro Marcos Gonçalves, já trabalhava na seção há mais de um ano, sem nunca ter causado qualquer problema ou ter recebido qualquer queixa em relação ao seu trabalho. Mas, mesmo assim, a referida senhora expulsou o companheiro aos berros, referindo-se a ele como “burro” e “vagabundo”. Isso foi em pleno horário de trabalho, no corredor da unidade diante de diversas pessoas que passavam e que ali estudam ou trabalham. Não satisfeita, ela ainda se dá ao direito de seguir chamando o companheiro de vagabundo sempre que passa por ele e na frente de quem queira ouvir.
Após ser escorraçado do setor, o companheiro Marcos foi substituído pelo companheiro Domenico Colacicco, que trabalha há anos na unidade, e este não teve melhor sorte. Passou a sofrer ataques da chefia, ataques à sua condição de ativista filiado ao SINTUSP, até ser expulso da sala compartilhada com a senhora Isabel Pita. O motivo da expulsão é o mais absurdo! Pelo simples fato de tentar manter na sala uma mesinha de 50×50 cm, onde guarda seu capacete, sua capa de motociclista e uma bota de chuva. A senhora Isabel Pita alegou que a mesinha não combinava com a mobília da sala!? Ela o expulsou da sala de trabalho como se fosse a casa dela!
Esses fatos relatados ao sindicato são de amplo conhecimento, tendo vários colegas presenciado tais fatos absurdos e inadmissíveis. Embora esses fatos já sejam de conhecimento geral da unidade, nem a direção da ECA, nem as assistências acadêmica e administrativa tomaram qualquer providência. Sequer a ouvidoria da unidade, que foi acionada pelo companheiro Marcos, tomou qualquer iniciativa de conhecimento público no sentido de impor o mínimo de civilidade a esta pessoa que parece convencida do seu suposto direito de cometer abusos como ofender moralmente e até expulsar pessoas da sala onde trabalham, como se a ECA fosse propriedade dela.
Somente após a publicação do primeiro boletim do sindicato denunciando o caso, a direção da ECA emitiu um e-mail comunicando que instalaria uma Comissão de Apuração Preliminar para apurar o caso. Mas, até o momento, ninguém sabe quem compõe ou quem virá a compor essa comissão encarregada de apurar o que já é de conhecimento público na ECA. Esperamos que não sejam as mesmas pessoas que indicaram a senhora Isabel para o cargo, por “confiarem” nela.
Em face de tudo isso acima relatado, dezenas de funcionários e funcionárias da ECA lotaram a reunião realizada pelo sindicato na segunda-feira, onde confirmaram os fatos denunciados e aprovaram, por unanimidade, as seguintes propostas:
- Repudiar as práticas de assédio moral, na ECA e demais unidades da USP. Cercar de solidariedade todas as vítimas dessa prática doentia, exigindo o afastamento dos assediadores e não mais das vítimas como forma de autoproteção coletiva, evitando que o assédio siga alcançando e adoecendo novas vítimas como num ciclo vicioso.
- Exigir da direção da ECA, da atual e da próxima, que a apuração seja efetiva, que as vítimas e todas as testemunhas sejam ouvidas e que sejam tomadas medidas práticas para atitudes como as da sra. Isabel não se repitam na Escola.
- Exigir a retirada dos nomes de funcionários que eventualmente continuem constando como subordinados da Sra. Isabel, que hoje é chefe apenas de si mesma.
- Que o sindicato denuncie todos os casos de assédio moral, tornando público o nome das vítimas, desde que elas concordem, bem como o nome do assediador e os atos por ele praticado.
- Que o sindicato continue buscando organizar o conjunto da categoria para exigir da reitoria a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta contra o assédio moral na universidade.
Vamos nos organizar para combater todas as práticas de assédio moral em cada canto da USP! Basta de adoecer trabalhando!