Passados cerca de dois meses do retorno presencial imposto pela reitoria sem nenhum diálogo com a comunidade, mesmo antes da pandemia apresentar índices mais estáveis de controle, já podemos fazer uma avaliação inicial.
A primeira coisa que fica explícita é a discriminação que ele representa em relação aos funcionários. Na maioria das unidades, as aulas seguem remotas, o que faz com que poucos estudantes compareçam presencialmente. Os docentes, formalmente, deveriam ter retornado. No entanto, na maior parte das unidades o comparecimento destes é pequeno e bem raro. A reitoria efetivamente escolheu que a vida dos funcionários valiam menos, impondo o retorno, na prática, apenas a nós.
Isso se torna mais grave ao verificarmos, agora na prática, a total ausência de protocolos, ou ainda orientações gerais absurdas. Em primeiro lugar, não houve compra ou orientação para compra de máscaras PFF2 para o conjunto da USP. Algumas unidades as adquiriram, mas muitas outras não, seguindo com máscaras de menor efetividade. Em segundo lugar, não há nenhuma política geral de testagem na USP. Os reitores das universidades estaduais, em texto publicado na coluna Tendências e Debates da Folha de São Paulo, destacavam a garantia de testes. Na USP, isso é falso. Não houve testagem massiva antes do retorno, e sequer há garantia de testes para casos suspeitos. A orientação é cada um por si, e o SUS por todos, com alguma sorte.
Recebemos uma série de denúncias e relatos de unidades que não têm nenhuma orientação para os casos suspeitos, ou mesmo sobre qual procedimento adotar com aqueles que tiveram contato com pessoas com casos confirmados. Entendemos que esse não é um problema a ser equacionado apenas no âmbito das unidades. No início da pandemia, havia orientações gerais nítidas, que indicavam o afastamento imediato de quem apresentasse sintomas, ou ainda daqueles que tiveram contato com casos confirmados. Agora, as tais diretrizes aos dirigentes, na parte de perguntas e respostas, simplesmente orienta a não fazer nada. Se alguém apresenta sintomas, ou se teve contato com um caso confirmado, deve simplesmente manter a presença no trabalho e contar com a sorte. Um absurdo!
Nós, do Sintusp, apresentamos uma série de propostas em reunião da Copert, visando diminuir a exposição dos funcionários, sobretudo dos mais vulneráveis (podem ser vistas aqui: https://bit.ly/3AXSQBN) Até agora, não tivemos nossas reivindicações sequer respondidas! Esse é o modelo de gestão praticada por Vahan-Hernandes, nenhum diálogo e nenhum respeito aos trabalhadores dessa universidade!