Manifestantes na avenida Paulista em ato contra Jair Bolsonaro neste sábado (29). — Foto: Rawfilming/Acervo pessoal
Os atos convocados para o último sábado, dia 29, levaram centenas de milhares de pessoas às ruas em todo o país, com destaque para São Paulo, onde quase cem mil pessoas ocuparam a Av. Paulista. Foram as maiores manifestações de rua desde o início da pandemia, que expressam o enorme desgaste que o governo acumula com a sua política de fome e morte.
Essas manifestações rompem com a lógica de esperar até as eleições do ano que vem para tirar Bolsonaro e sua turma. Com quase 500 mil mortes pelo vírus, potencializadas pela política negacionista do governo federal, que boicotou todas as medidas de combate à pandemia até aqui, está nítido que esperar o calendário eleitoral é a receita para o desastre.
Bolsonaro é mais perigoso do que o vírus!
Muitas pessoas que concordam com a urgência de tirar Bolsonaro do poder questionaram se a convocação de atos de rua neste contexto da pandemia não era uma contradição, algo que jogaria água no moinho dos negacionistas. De fato esse não é um tema simples nem consensual. Não dá para desconsiderar que vivemos no país que é um dos epicentros mundiais da pandemia, com uma média de 2 mil morte diárias. Neste quadro, a convocação de ações presenciais devem levar isso em consideração, não dá para agirmos de forma rotineira, como se não houvesse a pandemia.
No entanto, infelizmente, a maior parte da classe trabalhadora não teve direito à quarentena e ao isolamento social. Além disso, o governo segue sistematicamente boicotando todas as políticas de combate à pandemia. Faz campanha contra o isolamento, retirou boa parte do valor do auxílio emergencial, não protegeu os trabalhadores do desemprego, não garantiu vacinas. Já o Congresso Nacional, por outro lado, demonstrou que não levará adiante nenhum processo de impeachment sem que haja muita pressão das ruas. Nesse quadro, como diziam vários cartazes de manifestantes que estavam nos atos, se Bolsonaro é mais perigoso que o vírus, não resta outra alternativa se não ir para as ruas.
Conforme vimos nas manifestações, ao contrário das caravanas da morte dos apoiadores bolsonaristas, todos os manifestantes do último sábado estavam de máscara, a maioria com máscara PFF2.
Claro que, conforme nós também orientamos em nossos boletins, muitos companheiros não puderam estar presentes, por serem do grupo de risco ou por conviverem com pessoas desses grupos. Com certeza, não fosse a pandemia, os atos seriam ainda maiores!
Levar a luta para os locais de trabalho e estudo pelo Fora Bolsonaro e Mourão, Já!
Os atos foram um passo fundamental, e ocorreram apesar do imobilismo da maioria das organizações da classe trabalhadora. Mas se atos de rua geram pressão, sem dúvida são as paralisações e greves, sobretudo dos setores mais importantes da produção, que podem mudar de vez o cenário e colocar o governo nas cordas. Nesse sentido, é fundamental exigirmos que as grandes centrais sindicais, como a CUT, Força Sindical e CTB construam um calendário de lutas, em conjunto com os movimentos sociais e populares, rumo a uma Greve Geral Sanitária, que defenda um plano de emergência de combate à pandemia, como quarentena geral de pelo menos 30 dias com estabilidade no emprego, auxílio emergencial de pelo menos 1 salário para informais e desempregados, Vacinação em Massa, com quebra das patentes das vacinas, ajuda para os pequenos comércios, entre outros pontos. E, claro, que coloque como tarefa central do movimento neste momento a luta pelo: Fora Bolsonaro e Mourão, Já!