Como já dissemos, a USP comemora sua “sustentabilidade financeira” às custas da maioria dos que fazem a universidade funcionar, e em benefício de uma minoria de parasitas. A queda do comprometimento do orçamento com folha de pagamento só foi possível com o grande empobrecimento dos trabalhadores,e serviu para manter intactos os privilégios e supersalários da burocracia universitária.  Veja no gráfico como os salários dos trabalhadores da USP foram arrochados na última década. A linha de baixo é o salário dos trabalhadores da USP, a linha superior mostra como os salários deveriam ser reajustados se acompanhassem a inflação:

Se acompanhasse o aumento dos preços, o salário do Básico 1A, que está em R$ 2.245, já estaria em R$2.935!!!


Os valores são referentes ao piso da categoria (B1A), mas a distância entre as linhas é a mesma para qualquer nível da carreira. Quanto maior essa distância, maior é o nosso empobrecimento. Parece o desenho de um jacaré: quanto mais abre a boca, mais devora nosso poder de compra.

Todo mês perdemos um pouco, os preços não param de aumentar, mas os salários não acompanham.

Veja na tabela o exemplo dos primeiros e últimos meses de arrocho, desde a implementação da nova carreira em 2011:

Cada trabalhador que ganha o correspondente ao piso da categoria, Básico 1A, acumulou perdas salariais em cerca de R$30 mil. No caso do Técnico 1A, o piso já deveria estar em R$ 5.333, e houve um acumulo de perdas em mais de R$ 50 mil. Para o Superior 1A, o piso estaria em R$ 10.028, e as perdas mensais já ultrapassam os R$ 100 mil.

Em dez anos de sub-reajustes e de congelamentos dos salários, a reitoria roubou de cada um dos trabalhadores da USP dezenas e dezenas de milhares de reais. Soma-se a isso o congelamento das contratações e as demissões realizadas. Eis a mina de ouro dos reitores da USP!

O Fórum das Seis já protocolou a pauta unificada esse ano, e exige das reitorias o reajuste imediato de 8% nos salários, não podemos aceitar mais um ano de congelamento. Os reitores vão querer congelar mais uma vez nossos salários para continuar “fazendo caixa”?

Crise capitalista e luta contra o arrocho

A luta entre os trabalhadores nas universidades e a burocracia é a mesma luta de toda classe trabalhadora contra os patrões e os governos. É a defesa das condições de vida da maioria, contra os lucros e privilégios de uma ínfima minoria.

Na crise, o empobrecimento é generalizado. A multidão de desempregados pressiona quem está trabalhando a aceitar condições de vida cada vez piores. As demissões avançam, sobretudo no setor privado e nas indústrias. O arrocho salarial atinge a todas as categorias de trabalhadores, de forma mais violenta para os menores salários, com a alta da inflação. A única coisa que aumenta é a renda dos bilionários, burocratas e políticos corruptos.

Nesse sentido, é imprescindível, para a defesa dos nossos salários, vincularmos a nossa campanha salarial à luta geral da classe trabalhadora contra os efeitos da crise capitalista, e não só agora na data-base. Além de apoiar as lutas em curso, como primeiro passo, seria importante unificar as campanhas salariais das diferentes categorias, do setor público e privado, pelo ARROCHO ZERO: daqui para frente, nenhum centavo a menos no bolso dos trabalhadores. Que a burocracia estatal e os patrões paguem pela crise que eles mesmos criaram!

O exemplo da USP no gráfico e na tabela mostra que a única forma de estancar a corrosão do poder de compra e zerar o arrocho, de qualquer categoria,é com reajuste mensal dos salários de acordo com a inflação! Os preços sobem todos os meses e cada vez mais, e isso pode piorar com a crise, então os nossos salários precisam acompanhar a inflação todos os meses apenas para mantermos nosso poder de compra atual, e estancar a sangria do arrocho. Essa reivindicação pode ser levantada conjuntamente por qualquer categoria de empregados, de qualquer setor, independente de data-base e índices específicos. Se perdemos muito até agora, muito mais podemos perder se não lutarmos juntos!

UNIFICAR A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA POR NOSSAS CONDIÇÕES DE VIDA!

*O gráfico e os cálculos desse boletim baseiam-se no ICV-Dieese de 2011 a 2018 e no IPC-Fipe a partir de junho de 2018.