Danilo Verpa – 20.abr.18 Folhapress

Painéis do muro de vidro que separa a raia olímpica da USP da marg. Pinheiros quebram-se várias vezes

No dia 14/4, ocorreu a primeira reunião do Conselho Gestor do Campus da Capital (PUSP-C) com a nova representação dos funcionários eleita após campanha feita pelo nosso sindicato. Foi também a primeira reunião da gestão da nova prefeita do Campus, a professora Raquel Rolnik, da FAU, após sua indicação. As pautas tratadas foram a instalação de paraciclos (estacionamentos de bicicletas), o muro de vidro da raia olímpica e a situação do transporte público.

Inicialmente, a Professora Raquel Rolnik, assim como já havia dito na reunião de sua indicação, reafirmou que vê o Campus “como um espaço de convivência e que deve ser agregador, um lugar hormônico de estar e ficar transformando o ambiente universitário em um local de convivência para toda a população de São Paulo e não somente para a comunidade USP.” Sabemos que toda gestão nas instâncias da USP é iniciada com promessas animadoras, mas pouco tempo depois tudo desmancha-se no ar e voltamos à estaca zero – seja por um recuo da gestão, seja pela troca do/a gestor/a – no entanto, o que a professora tem dito certamente é o extremo oposto do que diziam as últimas gestões, as quais fecharam o campus para a população, privatizaram o espaço para empresas, militarizaram e tornaram o espaço do Campus cada vez mais inóspito e elitista. Se as promessas serão tocadas à frente, somente o tempo nos dirá. Por enquanto, mantemos um pé atrás, sobretudo pela permanência de José Antonio Visintin na Superintendência de Prevenção e Proteção Universitária. A pauta da reunião contou com três temas, sendo a primeira a instalação de paraciclos (estacionamento de bicicletas) e os dois últimos, mais polêmicos: o muro de vidro da raia olímpica e a situação dos ônibus dentro do campus.

Muro da USP: O elefante branco de vidro de Doria e Zago!

Em 2017, o prefeito na época, João Doria, anunciou a construção de uma obra que não tinha qualquer fundamento para existir, e pior, que durante estes anos só deu problema! Trata-se do Muro de Vidro de dois quilómetros entre a raia olímpica da universidade e a Marginal Pinheiros, o qual, segundo o reitor e o prefeito, “aproximaria a população à Universidade”.  Segundo eles na época, a obra foi doada por dezenas de empresas privadas e custou cerca de R$15 milhões! Como já apontado na época, o muro não só não foi finalizado como aumentou a poluição ambiental e sonora, atingiu a fauna que vivia naquele espaço, sem contar a total falta de transparência no processo de “doação”. A nova prefeita do campus na reunião prometeu tomar algumas medidas para resolver o problema. A primeira delas é deixar o muro totalmente sob gestão da Universidade. E o principal da nova proposta urbanística será a construção de um chamado “corredor verde”, que ficará em toda a extensão prevista para o muro. No lugar do muro, a universidade quer agora criar uma “cerca viva”.

Importante lembrar que o muro atual é composto por placas de vidro. Parece piada, porém conforme novos trechos iam sendo construídos, as placas de vidro já instaladas quebravam-se! Se for levado em conta o plano inicial, que previa 1200 placas de vidro (com o custo de R$ 4.000 cada), ao longo de 2 km de extensão, dá para ter uma noção da farra de recursos que foi desperdiçado com esse elefante branco de vidro.

Segundo a nova prefeita, as placas de vidro que sobreviveram ao movimento e a trepidação da Marginal Pinheiros, permanecerão. Segundo matéria da Folha de SP, desde 2017, dos 2 km de muro previstos, restam 597 metros sem instalação de vidros. Conforme o novo projeto, nos vãos deixados pelos vidros quebrados e mesmo onde já há estrutura de concreto, mas os vidros não foram aplicados, serão colocados gradis de metal.

Levando em conta que esse projeto bastante duvidoso e questionável não passou por debate sequer nas instâncias da universidade (que já não são nem um pouco democráticas), com um orçamento previsto de R$ 15 milhões, com diversas origens de recursos e pelo fato de que USP não sabe informar até hoje quanto foi gasto, é necessário que fiquemos de olho neste novo projeto.

Propostas para o caos nos transportes na USP

Outra pauta discutida foi o problema do transporte público no campus: com filas enormes nos pontos, ônibus lotados e grandes intervalos de tempo para a passagem dos mesmos. A professora Raquel Rolnik afirmou que a prefeitura do campus solicitou uma reunião com a SPTrans visando resolver o problema. Ela demonstrou o novo contrato iniciado em 27/08/2021 com o valor de R$ 16.921.752,00, que é pago pela USP conforme a demanda USP, ou seja, a USP paga o valor conforme a rodagem da catraca de quem tem o BUSP, que chega a uma estimativa de 85% dos passageiros, o que daria um valor de R$ 14.383.489 por ano.

Foi dito em sua apresentação que existe um problema crônico nessa questão: o grande fluxo de passageiros vindos da estação Butantã, que não é possível de ser resolvido em sua totalidade, sendo possível apenas reduzir os danos. Por esse motivo, a prefeita defendeu que a única maneira de resolver este problema seria uma estação de metrô dentro do campus, proposta essa rechaçada pela reitoria à época da construção da linha amarela do metrô, com os argumentos mais elitistas possíveis.

De qualquer maneira, foram elencados alguns pontos de negociação e propostas da nova gestão da prefeitura para a SPtrans:

1) Liberação das catracas com a USP pagando o total do valor e não mais segundo a demanda USP, liberando assim o transporte para trabalhadores terceirizados/as, visitantes e à população em geral; Instalação de validadores nas portas dos ônibus, de modo que não sejam fechados os postos de trabalho dos cobradores, que muito além de somente cobrar passagens, possuem a importante função de auxílio aos motoristas em relação a embarque e desembarque, no trânsito etc.

2) A PUSP-C está em negociação com a EMTU e a SPTrans, visando a troca dos pontos finais de algumas linhas do terminal Butantã para o Terminal Vila Sônia, ampliando o espaço do BUSP no terminal para criar mais de uma saída nos horários de pico.

Após a apresentação dos pontos, nosso representante questionou se a reitoria tem estudos para analisar se a volta de circulares geridos pela USP não teria um melhor resultado para a mobilidade do que terceirizar o serviço para a SPTrans. A professora Raquel Rolnik respondeu dizendo que existe uma doação para a universidade de ônibus movidos a hidrogênio devido a um projeto de pesquisa, e que se tudo der certo, esses ônibus devem ser usados para cumprir a função de circular por dentro do campus como os antigos faziam, sob gestão exclusiva da universidade.

Como já dissemos anteriormente, nós, que já ouvimos muitas promessas durante vários anos, estamos calejados e acompanharemos para ver se todas essas ações serão aprovadas e tocadas à frente pela prefeitura do campus neste novo período e, sobretudo, se serão aceitas pela reitoria.