A direção da Faculdade de Odontologia enviou comunicado informando que a partir de segunda, 26/4, haverá a retomada de atividades presenciais clínicas e de laboratório. Trata-se de uma decisão autoritária e temerária, que colocará em risco a vida de vários funcionários e estudantes.

Não é demais lembrarmos que estamos no pior momento da pandemia. Em vários dias atingimos cerca de 4 mil mortes em todo o país. Não bastasse a escalada no número de mortes, o sistema de saúde está à beira do colapso. Não faltam apenas leitos de UTI, o que já seria grave, há escassez até mesmo de sedativos para intubação, o que torna, em alguns casos, a necessidade de intubar uma pessoa um ato de tortura. Além disso, os dados já apontam que a nova variante da doença, a chamada P1, já é predominante, e ela é mais transmissível e atinge de forma mais agressiva também as pessoas jovens e sem doenças preexistentes. Ou seja, o chamado “grupo de risco” agora é ampliado para praticamente qualquer pessoa!

Nesse cenário, qualquer um que diga se basear na ciência deve atuar no sentido de ampliar as medidas que garantam o isolamento social, e não o contrário, incentivando a circulação de pessoas. Impor o retorno presencial neste momento é uma medida criminosa!

Cabe lembrar que a própria reitoria publicou atualização do Plano USP de retorno gradual das atividades presenciais adotando medidas bastante restritivas. Ao que parece, o argumento da direção da FO para efetivar essa convocação, mesmo com as restrições do Plano USP, é que a odonto seria uma unidade de saúde, portanto, um serviço essencial. Ora, se é assim, porque os funcionários não foram vacinados, como ocorre com os profissionais da área de saúde?

Vale destacar que mesmo a vacinação individual não garante, por si só, a imunização. Por isso defendemos que o retorno às aulas e às atividades presenciais administrativas ocorram apenas após a vacinação em massa da população, que garanta um controle efetivo da pandemia.

Nesse sentido, repudiamos a tentativa da direção da Odonto-USP de impor o retorno presencial de parte de seus funcionários, e buscaremos organizar os trabalhadores da unidade para resistir e defenderem suas vidas! Não aceitaremos calados essa medida!