foto do ato dos Professores em frente à Prefeitura

Estamos no momento mais grave da pandemia. Nacionalmente, atingimos uma média móvel de mais de 3 mil mortes diárias, com vários dias atingindo 4 mil. No Estado de São Paulo, tivemos a semana mais mortal até agora da pandemia, com 5.657 mortes entre 4 e 10 de abril. A média móvel de mortes no estado está em assustadores 842 diárias, em vários dias atingindo mais de 1.000 mortes. Cada dia recebemos mais notícias de parentes, amigos e colegas de trabalho que vieram a óbito, ou que estão internados em estado grave. Trata-se de uma situação trágica sem precedentes recentes! Esse descontrole da pandemia tem impacto direto no sistema de saúde, que em todo o estado já está em colapso! Não apenas faltam leitos, como já existe o risco de faltar até os medicamentos necessários para intubação. Os profissionais da saúde estão sobrecarregados, e muitos têm que fazer procedimentos complexos sem o devido treinamento, por conta da situação de caos do sistema. Estamos, também, à beira do colapso do sistema funerário. Poderemos chegar à situação, em breve, de não ter leito para internar os doentes, nem covas para enterrar os nossos mortos.

Diante desse cenário, o governador Dória, seguido pelo prefeito de São Paulo Bruno Covas, demonstram que todo o palavrório de seguir a ciência não passa de discurso, pois insistem em retomar as aulas presenciais nas escolas da rede estadual e municipal, colocando em risco a vida de milhares de profissionais da educação, bem como das crianças, adolescentes e seus familiares. E, ainda, contribuindo para o descontrole maior da situação da pandemia. No momento em que se exigiria mais restrições de circulação, o retorno das aulas escolares contribui para o oposto, gerando maior circulação. É um crime, e premeditado!

Hipocrisia: Dória agora diz que educação é essencial!

Para forçar o retorno das aulas, mesmo com todo o estado na fase vermelha do famigerado Plano SP, Doria publicou decreto no qual insere a educação como “serviço essencial”. Evidentemente que a educação é um direito essencial para as crianças e adolescentes. Mas para garantir esse direito, os sucessivos governos do PSDB em São Paulo não moveram uma palha, ao contrário, a educação pública no estado passa por um sucateamento de anos. Agora, para atender aos interesses dos empresários da educação, que fazem coro para o retorno das aulas presenciais, o governador toma essa atitude hipócrita, que só servirá para aumentar os contágios e mortes pela Covid no estado.

Vacinação dos Profissionais da Educação não passa de teatro

Para tentar dividir os profissionais de educação, e por essa via impor com maior facilidade o retorno das aulas, o governo anunciou que iria antecipar a vacinação dos profissionais de educação com mais de 47 anos. Em primeiro lugar, é importante ter em mente que o problema do retorno das aulas presenciais não é apenas a exposição dos profissionais da educação ao risco, mas também a exposição dos alunos,e os milhares de contatos cruzados que o aumento geral da circulação de pessoas ligadas às atividades educacionais gera, contribuindo por essa via para o descontrole geral da pandemia.

Também é importante registrar que a vacinação individual não garante a imunização. A vacina só tem impacto significativo se for uma política de imunização coletiva, que só produzirá seus efeitos com imunização em massa. Nesse sentido, converter a luta por vacinação ampla e de massas por lutas de categoria profissional por prioridade no plano de vacinação é o caminho para dispersar as forças em demandas corporativas e enfraquecer a luta geral. Claro que há setores e categorias profissionais que estão na linha de frente que podem e devem ter prioridade na imunização. Mas a definição de um plano nacional de imunização não pode se reverter em questões corporativas.

Em todo caso, mesmo que consideremos um avanço ou correto vacinar os profissionais da educação como prioridade, isso só teria alguma efetividade se fossem vacinados todos os profissionais. Anunciar que vai vacinar só os com mais de 47 anos é puro teatro midiático!

Retorno das aulas presenciais somente após vacinação em massa e controle da pandemia!

Sabemos que a questão da suspensão das aulas presenciais em face da pandemia tem impactos diferenciados entre os mais pobres em comparação com as crianças de classe média ou ricas. Entendemos que, embora não seja o seu papel principal, a escola acaba por exercer um papel de assistência social. Muitas crianças e adolescentes só tem garantidas as refeições feitas na escola. Além disso, sabemos das dificuldades, especialmente das mães trabalhadoras, para manter o cuidado das crianças em casa e ainda ter que trabalhar (ou procurar trabalho). E, ainda, sabemos das dificuldades para os alunos mais pobres acompanharem as aulas remotas, pela precariedade de acesso aos equipamentos necessários, por falta de ambiente propício nas residências e um longo etc.

Mesmo levando todos esses temas em consideração, não podemos aceitar que a saída para esses problemas seja a naturalização do retorno presencial das aulas neste momento dramático em que vivemos. Temos que levar essas questões em consideração para defendermos uma série de medidas que possibilitem reverter essa situação de vulnerabilidade. A começar pela defesa de um auxílio emergencial de pelo menos 1 salário mínimo, para possibilitar que os trabalhadores informais e desempregados possam efetivamente ficar em quarentena. Combinado a isso, exigir que o governo estadual e municipal garanta equipamentos para as crianças e adolescentes poderem acessar as aulas remotas, e ainda algum auxílio extra voltado à garantia de alimentação dos alunos.

E, em conjunto com essas demandas, é fundamental seguirmos defendendo que o retorno das aulas presenciais nas escolas só ocorra após a vacinação em massa da população, combinado com uma diminuição consistente do número de casos e mortes, que indique o controle da pandemia.

Todo apoio à luta dos profissionais da educação em Defesa da Vida!

Os profissionais da educação da rede municipal já decidiram manter a greve da categoria contra o retorno presencial. Os profissionais da rede estadual mantém a mobilização também contra o retorno. Manifestamos nosso total apoio a essa luta, e repudiamos qualquer iniciativa de retaliação, como o corte de ponto dos grevistas!

Todo apoio à luta em Defesa da Vida!