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Fora, Derrite! Tarcísio é inimigo do povo

Chega de racismo e mortes nas periferias de todo o Brasil

Quando um PM joga um homem indefeso da ponte na zona sul, ou quando invade um velório de mais uma pessoa morta pela PM, como em Bauru, a nossa segurança melhora? Será que com quase 1 milhão de presos no país, simplesmente encarcerar mais gente representa alguma saída? Nós que assinamos este manifesto acreditamos que não e que tem algo muito errado com a tal segurança “pública”. É um debate complexo e convidamos você a ler até o final para entender nossos argumentos.

Em 2024 houve um aumento de 65% de letalidade das polícias paulistas em relação a 2023. Ou seja, a PM e a Polícia Civil do governador e do seu capanga, o Secretário de Insegurança Guilherme Derrite, mataram mais. Um símbolo recente foram as Operações Escudo e Verão no litoral, com crimes, ocultação e falsificação já comprovadas. A GCM, que agora o Ricardo Nunes quer transformar em Polícia Municipal, também fez mais vítimas. Há casos inclusive da polícia penal. “Não tô nem aí”, como disse Tarcísio, resumindo o que pensam todos os governantes.

Enquanto isso, ano passado São Paulo bateu recorde em feminicídios. O governo estadual, aliás, cortou quase todo o orçamento previsto para combater a violência contra a mulher no período. Os furtos e roubos aumentaram em áreas periféricas. Soldados da Rota, origem de Derrite e da cúpula da PM, são pegos trabalhando para o crime organizado. Delegados responsáveis pelo combate ao tráfico na Cracolândia são descobertos usando o aparato à sua disposição para traficarem. 

Na capital, Nunes inaugura o “prisômetro” como jogada de marketing. Guardas civis metropolitanos da cidade de São Paulo, cada vez mais militarizados, são investigados por formação de milícias. Orlando Morando, atual Secretário de Insegurança de Nunes, tem a carreira marcada pela perseguição a grupos culturais da juventude periférica e ao Dia da Consciência Negra, além de zombar das mortes do massacre em Paraisópolis. 

Por tudo isso, afirmamos: não há segurança para a maior parte de nós, mas sim uma guerra racista e de classe. Aliás, as polícias são bem treinadas para tocar o terror nas quebradas. Se você duvida, preste atenção às denúncias que familiares de vítimas fazem incansavelmente no país todo: em Belém do Pará, dos casos de Davi e Marcinho; no Rio, da mãe de 4 filhos Cláudia Ferreira, de Johnatha em Manguinhos; no Paraná, de Willian, Anderbal, Kelvin, Wender.

Em São Paulo, são casos como o do Ryan de 4 anos e do seu pai Leonel, mortos em Santos pela PM com uma diferença de 9 meses; de Matheus Menezes, jovem cujo pescoço foi cortado pela arma de um tenente da PM; de Manuela Carvalho, adolescente morta em forte colisão de trânsito, causada por perseguição policial; de Victória Manoelly, Luiz Fernando, Gabriel Renan, Marco Aurélio, Igor Gabriel, Thiago, João Vitor, Renatinho, Guilherme, Vinícius e tantos outros.

Não é de hoje que tem algo muito errado com a segurança “pública”, como mostram o Massacre do Carandiru, os Crimes de Maio de 2006, a Chacina de Osasco e Barueri, o Massacre no Baile da DZ7 em Paraisópolis, as mortes na zona leste e na zona sul. A ditadura civil-militar acabou, mas vivemos na democracia do massacre, que arranca filhos e filhas das mães trabalhadoras. Aliás, no brasão da PM está Domingos Jorge Velho, responsável por assassinar Zumbi dos Palmares, que lutou para nos libertar da escravidão, mostrando, assim, o verdadeiro papel da polícia: oprimir e matar o povo preto, indígena, pobre, trabalhador e a nossa juventude… E é essa polícia, que mata crianças e adolescentes, que o governo quer levar para dentro das escolas, através da militarização do ensino.

Uma das maiores desculpas já inventadas para justificar essas ações é a suposta “Guerra às Drogas”. Investem-se rios de recursos públicos, que poderiam ir para as áreas sociais, em uma política falida. De fato, depois de décadas, o resultado é que os capitalistas do crime lucram como nunca e ainda ajudam a salvar a economia legal com lavagem de dinheiro. Sem contar o “sumiço” de drogas apreendidas dentro das próprias delegacias. A única regra do Sistema dos ricos é lucrar, não importa com o quê, nem contra quem.  

Os tribunais também fazem vítimas em todo o Brasil. A gente sabe que às vezes o STF pode parecer um protetor dos oprimidos, ao defender coisas mínimas como a manutenção das câmeras de filmagem ininterruptas. Mas não nos enganemos: o sistema judiciário é apenas a outra face do genocídio. Tanto é, por exemplo, que menos de 2% dos policiais investigados por crimes são condenados em São Paulo. Sem falar no tratamento bondoso dado aos playboys que matam com seus carros de luxo. 

Todos os governos fazem parte dessa máquina de guerra, inclusive os do PT. O caso do estado da Bahia não deixa dúvidas quanto a isso: é campeão em letalidade policial com apoio explícito do governador Jerônimo Rodrigues, que recentemente voltou a defender a ação da PM em uma chacina no Carnaval. Por sua vez, o Governo Lula lamentavelmente tem permitido a militarização da segurança e tentado tapar o sol com a peneira com medidas de efeito no mínimo questionáveis. 

Tudo isso nos leva a afirmar que o genocídio do  povo negro, indígena, periférico e trabalhador é uma política de Estado. Para derrotá-la, é fundamental a nossa organização independente, sem rabo preso, para denunciar o horror que temos vivido e defender o que é certo, nos cuidarmos uns aos outros e nos apoiarmos entre nós, as organizações de bairro, os movimentos sociais, sindicatos, grupos de familiares. Esse é o caminho para  conseguirmos mudar essa situação e defendermos nossas vidas! 

Nesse sentido, queremos convidar você a levantar uma campanha nacional pela demissão do Derrite. Não que a saída dele resolva todos os problemas. Mas é fato que, neste momento, a repercussão dos abusos policiais nos dá uma oportunidade única de dialogar com o povo trabalhador sobre o genocídio e, com muita mobilização, impor uma derrota que bote em cheque nacionalmente a guerra racista dos de cima contra os de baixo. 

Venha somar nessa luta! Participe do lançamento deste manifesto e da cartilha de autodefesa no dia 26 de abril em São Paulo-SP, na CSP-Conlutas, Rua Senador Feijó,191, próximo à Praça da Sé. Vamo aí?

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