Nos dias 03 e 04 de julho os trabalhadores efetivos e terceirizados do Bandejão Central da USP realizaram uma paralisação como uma resposta direta ao caos instalado pela terceirização, que precariza as condições de trabalho enquanto enche o bolso de empresários que lucram com a exploração dos trabalhadores. Os trabalhadores terceirizados da Vin Service enfrentavam uma situação insuportável de sobrecarga de trabalho e direitos negados. A indignação diante dessa realidade foi o estopim para a mobilização e mostrou como trabalhadores unidos e a aliança com os estudantes é uma força que podem arrancar as suas reivindicações.
A atitude dos trabalhadores efetivos, que não hesitaram em se somar à luta foi um fator decisivo para que a indignação dos trabalhadores terceirizados pudesse multiplicar a sua força. Mostraram, na prática, que ninguém fica para trás!! Também foi muito importante o apoio dos estudantes que se colocaram ao lado dos trabalhadores. A unidade entre trabalhadores efetivos, terceirizados e estudantes foi fundamental para que a empresa fosse obrigada a se comprometer publicamente com o atendimento de várias das justas reivindicações dos trabalhadores como a regularização das férias, o pagamento do salário e benefícios, a garantia de um quadro mínimo necessário de funcionários e o compromisso de que não haverá nenhuma punição.
A responsabilidade da Reitoria e da PRIP por essa situação é inegável: são elas que mantêm e aprofundam a terceirização, priorizando o lucro das empresas s à custa da saúde, dignidade e direitos dos trabalhadores. Desde que a terceirização foi imposta nos restaurantes universitários, a situação se deteriorou de forma escandalosa. Trabalhadores terceirizados são obrigados a realizar tarefas extenuantes com equipes reduzidas, salários e direitos muito inferiores aos dos efetivos, submetidos a assédio, retaliações, atrasos de salários, férias vencidas, descontos indevidos e até mesmo a negação de direitos básicos como o acesso ao holerite.
A terceirização cria um abismo na desigualdade entre os trabalhadores e, na USP uma das maiores universidades da América Latina, com bilhões em caixa os terceirizados não tem sequer acesso ao BUSP para utilizar os ônibus circulares gratuitamente. Não é raro encontrar companheiros com dois ou três períodos de férias vencidas, recebendo a remuneração apenas após o retorno, o que é ilegal e desumano. O resultado é sobrecarga, adoecimento físico e mental, humilhação e uma rotina de incertezas. Tudo isso para garantir contratos milionários pagos antecipadamente pela USP às empresas terceirizadas, que lucram reduzindo ao máximo o número de funcionários e negando direitos elementares.
É fundamental manter a mobilização para que a Vin Service e a USP cumpram cada uma das cláusulas com que se comprometeram. E caso descumpram os trabalhadores e estudantes já mostraram que tem disposição para voltar a se mobilizar. O exemplo dos trabalhadores do Bandejão Central é um chamado à unidade dos trabalhadores em toda a USP. Precisamos fortalecer a luta contra a terceirização, pelo direito ao BUSP para todos, contra o assédio moral e os abusos, por igualdade de direitos e salários e pela efetivação dos terceirizados sem necessidade de concurso público. O caminho foi apontado: só a nossa classe pode de fato transformar a universidade para que ela esteja verdadeiramente a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.