Mas os trabalhadores reagiram e permanecem dentro dos navios, cuidando do patrimônio público, que foi adquirido com dinheiro do povo!
No dia 3 de maio de 2023, o reitor da USP, Professor Carlotti, mandou demitir cerca de 30 funcionários que atuam junto ao Instituto Oceanográfico da Universidade, atuando com pesquisadores nacionais e internacionais, financiadas pela FAPESP, CNPQ, Petrobras e outros organismos e empresas, na sua maioria com dinheiro público.
O atual Reitor, que já foi pró-reitor de Pesquisa da USP, resolveu agora demitir sumariamente cerca de 30 trabalhadores aquaviários dos Navios de Pesquisas Alpha Delphini e Alpha Crucis, prejudicando várias pesquisas importantes para a Universidade e a sociedade.
Estes trabalhadores, alguns deles com longo tempo de contrato com a USP, sempre receberam salários com holerites emitidos pela Universidade, têm registro na Carteira Profissional de contrato com a USP, que recolheu mensalmente o FGTS na CEF em seu nome, fornecendo anualmente aos trabalhadores Declaração Anual de Rendimento para o Imposto de Renda.
No entanto, apesar do contrato com a Universidade, estes trabalhadores não recebiam os benefícios sociais que o restante da categoria recebe. Como estamos em Campanha Salarial, o SINTUSP – Sindicato dos Trabalhadores da USP, junto com os trabalhadores decidiram levar ao reitor “democrático” (ainda que, na prática, um dos mais autoritário de todos) as suas reivindicações. No entanto, ao invés do atendimento das reivindicações, a reitoria concluiu um processo que estava parado há tempos e decidiu por aplicar as demissões sumarias, sem pagamento do mês de abril trabalhado e outros direitos trabalhistas, utilizando supostos argumentos jurídicos da Procuradoria Geral, que quer penalizar os trabalhadores por supostos erros administrativos cometidos pelos gestores, com anuência ou omissão da própria procuradoria. Importante lembrar que na própria procuradoria há procuradores nomeados por outros reitores, mesmo sem concurso específico na função de Procurador Público. São estas pessoas que decidiram que os trabalhadores dos navios não são funcionários da universidade e os demitem sem ouvir o Diretor da Unidade, os pesquisadores do Instituto Oceanográfico e sem ouvir os trabalhadores.
O próprio reitor nunca pisou nestes navios para conhecer in loco a colaboração fundamental destes servidores públicos na produção de conhecimentos científicos nestes navios, comprados com dinheiro público. É vergonhoso que a USP, com bilhões em caixa, ajude a provocar a barbárie do desemprego e da fome de famílias. É lamentável esta exposição da USP, uma das melhores universidades do mundo, que é construída pelos professores, funcionários e estudantes.
Neste momento, os trabalhadores permanecem dentro dos navios, até mesmo para manter a integridade física dos mesmos, que não podem ser abandonados. Algumas diretoras do sindicato permanecem junto aos trabalhadores e estão reivindicando que o Magnifico Reitor e a senhora Vice-reitora abram negociação URGENTE, respeitando os trabalhadores. Enquanto isto continuaremos com as graves denúncias para o mundo acadêmico, autoridades e população que mantém a Universidade de São Paulo.