Derrotar o Bolsonarismo nas urnas e nas ruas, sem confiança na conciliação de classes
A reunião do CDB do Sintusp realizada no último dia 19 aprovou uma resolução de chamado ao Voto Crítico em Lula e Haddad, compreendendo que neste momento essa posição é fundamental para barrarmos, em primeiro lugar eleitoralmente, a extrema direita entreguista representada por Bolsonaro e Tarcísio. A decisão não significa adesão ao programa dos candidatos, mas a compreensão da gravidade do momento e das ameaças que representam a toda a classe trabalhadora e em especial aos funcionários públicos.
O projeto defendido e colocado em prática por Bolsonaro, Tarcísio e seus aliados é desastroso para a classe trabalhadora. Durante esses últimos 4 anos, vimos a postura desumana e negacionista de Bolsonaro durante a pandemia, o que nos levou a perder mais de 700 mil vidas pela Covid. Não dá para esquecer a cara patética de deboche de Bolsonaro com as vítimas da Covid. Os próprios cientistas afirmam que, pelo menos um terço das 700 mil vítimas da pandemia, poderiam estar vivas se a postura do falacioso Presidente da República fosse outra e não negasse a ciência e desdenhasse da vacina.
Além da postura desumana durante a pandemia, Bolsonaro, atendendo aos interesses dos grandes patrões, avançou como ninguém na agenda de retiradas de direitos, aprovando a reforma da previdência, que acaba com a aposentadoria, e aprofundando os ataques da reforma trabalhista. Aprofundou também a destruição dos serviços públicos, as privatizações, além de incentivar e praticar atitudes machistas, racistas e homofóbicas. O desemprego atingiu níveis recordes, os salários foram rebaixados e o número de pessoas em insegurança alimentar aumentou significativamente. Estamos diante de uma política de terra arrasada, um governo e um projeto de destruição e morte!
No caso da educação e das universidades, Bolsonaro já mostrou o que é capaz com o desmanche progressivo das universidades federais. Se eleito, Tarcísio não terá nenhuma dificuldade de aplicar à USP, UNESP e Unicamp a mesma receita de destruição, colocando nossos empregos e salários em risco
Diante desse quadro, consideramos fundamental que as entidades da classe trabalhadora adotem um posicionamento claro, buscando conscientizar suas bases sobre o significado das candidaturas de Bolsonaro e de Tarcísio. Por isso nossa posição é pelo Voto Crítico em Lula e Haddad, entendendo a necessidade de impor uma derrota nas urnas e nas ruas à escalada da extrema direita.
No entanto, desde o início do governo Bolsonaro, nós do Sintusp alertamos sobre a necessidade de derrotar Bolsonaro nas ruas. Infelizmente, as principais centrais sindicais e partidos, especialmente o próprio PT, optaram por apostar todas as fichas na saída eleitoral. O resultado do primeiro turno, que explicitou a consolidação e o fortalecimento da extrema direita, com a votação expressiva de candidatos atrelados ao presidente Bolsonaro, demonstrou que essa opção era equivocada e arriscada. A extrema direita demonstrou enraizamento popular, e não vamos derrotá-la apenas nas urnas. Por isso é fundamental avançarmos, desde já, na luta e organização da classe trabalhadora para enfrentarmos e derrotarmos essa extrema direita nas ruas, através das manifestações e greves! Também é fundamental levarmos adiante a discussão e a necessidade de prepararmos nossa autodefesa!
Do mesmo modo, não vamos derrotar efetivamente o projeto político de Bolsonaro e seus aliados através da conciliação de classes, aliando-nos com os representantes de setores liberais e supostamente democráticos da classe dominante. Afinal de contas, para preservar seus privilégios, esses setores são os primeiros a abrir mão da democracia e apoiarem saídas autoritárias contra a classe trabalhadora. Por isso nosso chamado de voto é crítico, pois as alianças feitas por Lula e Haddad, bem como o programa defendido apontam que também irão atacar e retirar direitos dos trabalhadores. Por isso precisamos, como entidade que defende as lutas da classe trabalhadora, mantermos nossa total independência. Nosso chamado ao voto é para derrotar Bolsonaro e Tarcísio.
Diante disso, reforçamos a necessidade de ir além do voto, e pensarmos desde já a organização das lutas para enfrentarmos os ataques que poderão ocorrer aos direitos dos trabalhadores e mesmo às liberdades de organização e manifestação. É fundamental que as centrais sindicais, movimentos populares e os partidos da classe trabalhadora organizem um plano de ação para o próximo período, para esmagarmos definitivamente qualquer iniciativa golpista dos setores bolsonaristas.