Na última terça, 29/3, ocorreu reunião extraordinária do Conselho Universitário. Na pauta, inicialmente, havia o referendo do reajuste de 20,67% definido em negociação entre Cruesp e Fórum das Seis. Vale lembrar que desde 2014 os reitores adotaram esse procedimento de passar os reajustes pelo CO, o que, em nossa opinião, é um equívoco, pois enfraquece o Cruesp como espaço de negociação.

A representação de funcionários fez uma fala reivindicando o reajuste como uma conquista dos trabalhadores das três universidades, mas destacando os outros pontos da pauta, como a recomposição das perdas desde 2012 e a valorização dos salários dos níveis iniciais das carreiras, através de um fixo de R$1.200,00. Também destacamos que com o aumento da inflação é necessário termos uma política de reajuste mensal dos salários, de modo a evitar mais perdas. Na votação, não houve polêmicas e o reajuste foi referendado com quase todos os votos favoráveis.

Logo após, o reitor passou a palavra ao Prof. João Maurício, presidente da Codage, que fez uma apresentação do plano da reitoria para contratações de docentes e funcionários, e as projeções do impacto disso no orçamento. Basicamente, o plano da reitoria é contratar, nos quatro anos de gestão, 672 docentes. No caso dos funcionários, apresentaram um estudo com 400 contratações de funcionários de nível superior. No entanto, segundo o reitor, consideraram o nível superior apenas para os cálculos, mas não necessariamente serão todos contratados nesse nível, para efeito do cálculo o que vale é o volume financeiro. Portanto, se forem contratados técnicos ou básicos esse número pode aumentar um pouco (embora saibamos que a política das administrações tem sido de eliminar o grupo básico, e, ao que parece, até parte dos técnicos).

Consideramos esse número totalmente insuficiente. Afinal, de 2014 para cá perdemos mais de quatro mil funcionários. Somente para o HU seriam necessárias cerca de 500 contratações. Provavelmente esse número não irá repor sequer os funcionários que sairão nos próximos quatro anos. Nossos representantes fizeram falas destacando esses pontos, mas não houve resposta positiva, a única coisa que o reitor disse é que não poderia repor a saída dos PIDVs.

Portanto fica claro que se não formos à luta, a política de desmonte continuará!

Reitor nega a inclusão do HRAC na Pauta e faz fala recheada de chantagens

Antes da reunião, houve um ato na porta da reitoria em defesa do HRAC, mais conhecido como Centrinho, de Bauru. Entregamos uma carta aberta aos conselheiros, que já conta com centenas de assinaturas de parlamentares, figuras públicas, entidades e apoiadores em geral reivindicando que o CO reverta a desvinculação aprovada em 2014 durante a gestão Zago.

Um pouco antes do início da reunião, nossos representantes foram conversar com o reitor e solicitaram para que o tema fosse incluído na pauta, ou ao menos que houvesse o compromisso de incluir na próxima reunião. O reitor foi categórico ao dizer que a reitoria não vai pautar o tema, que a discussão só ocorrerá se o Conselho assim quiser, mas não como iniciativa da reitoria.

Diante disso, após os pontos de pauta, foi aberta a palavra livre aos membros do CO. Nossa representação, que conta com apenas três vagas num universo de mais de 120 membros, fez uma forte defesa do Centrinho. Lembramos o histórico do HRAC e seu serviço de excelência, denunciamos que a entrega do centrinho às chamadas “Organizações Sociais” representa a privatização e precarização das condições de trabalho e de atendimento. Também relembramos a votação ilegal e imoral da desvinculação ocorrida em 2014, durante a gestão Zago. Reforçamos que aquela votação ocorreu em um outro momento da universidade, e fizemos um apelo democrático aos conselheiros para que assinem nossa petição para que o tema entrasse na pauta da próxima reunião ordinária (confira as falas dos nossos representantes no CO clicando aqui)

O reitor, ao final, falou sobre o tema, em uma fala recheada de chantagens. Disse que queria olhar para frente, e não rediscutir decisões do passado. Contraditoriamente, ao mesmo tempo em que se referiu ao Centrinho como a “Joia da Coroa” da USP, seguiu em defesa de seu desmonte e entrega para o
Estado. Sem apresentar dados concretos, disse que reverter a desvinculação colocaria em risco o curso de medicina de Bauru, e até mesmo a saúde financeira mais geral da Universidade. Ora, o que o reitor não explica é que os funcionários atuais do Centrinho permanecerão na folha de pagamento da USP, portanto não haverá economia significativa para a Universidade.

Além disso, e o mais importante: o que eles não falam é sobre o rio de dinheiro (ver matéria da ADUSP sobre as OSs) que será transferido do orçamento do Estado para a OS (“Organização Social”) que ganhar o chamamento público, num negócio milionário que só vai favorecer os entes privados que assumirão o Centrinho. Se o problema é o dinheiro, porque o reitor não negocia com o Estado uma verba suplementar para manter o Centrinho na USP? Porque ao invés de dar dinheiro para uma OS, o Estado não repassa para USP? Essas questões não aparecem no debate, e ao negar pautar o tema no CO, o reitor impede que essas e outras questões possam ser respondidas!

Fazemos um apelo aos membros do CO: assinem nossa petição para incluir o Centrinho na Pauta, e apoiem o movimento pela reversão da desvinculação do HRAC!

O CENTRINHO FICA NA USP!