A placa da obra localizada bem em frente ao Restaurante Universitário do Campus da USP de Ribeirão Preto é bem clara: “Posto Avançado da Guarda Universitária”. Mas atrás desse pedaço de metal, esconde-se um singelo plano de meias verdades consolidadas na administração Vahan/Hernandes, de ampliar a presença da Polícia Militar (PM).

O mais escandaloso é que a USP usa para construir a base da PM os recursos que poderiam ser direcionados para melhores salários, permanência estudantil, pesquisa, condições de trabalho, dentre tantas outras prioridades. São 853 mil reais só para a infraestrutura, fora outros acabamentos, mobiliários e sabe-se lá mais o que uma base de polícia pode exigir como blindagem e carceragem. O que a burocracia universitária comentava desde o planejamento da obra, há vários anos, é de que o “posto” serviria para ampliar os “bons serviços” da Guarda Universitária, principalmente por ficar mais próximo à “Floresta do Campus”, área de recuperação ambiental e pesquisa que é frequentemente atingida por incêndios criminosos.

Mas logo começaram a aparecer os indícios de que a ideia não era bem essa. O local escolhido, além de ficar bem em frente ao principal ponto de encontro dos estudantes no Campus (o Restaurante) é “coincidentemente” ao lado de três agências bancárias (patrimônio privado protegido: Santander, Bradesco e Banco do Brasil). E atrás dos bancos o que temos? Moradia estudantil, outro ponto que mostra similaridade com a instalação da Base da PM no Campus Butantã em São Paulo.

Mas os sinais derradeiros de que a obra seria na verdade direcionada à PM vieram à tona quando moradores da redondeza (bairro Cidade Universitária) começaram a comemorar nas redes sociais o anúncio de que a Base Oeste da PM mudaria do Bairro Ipiranga para dentro da USP.

As “autoridades” locais, como o Prefeito do Campus e os diretores, foram questionados e todos negaram saber sobre o assunto. Mantiveram a informação de que ali seria um posto da guarda e não sede da PM.

A administração Vahan/Hernandes também foi questionada através da imprensa da ADUSP e respondeu que não existia qualquer coisa nesse sentido. Não há outro termo para usar: mentiram! E a obra continuou em seu ritmo normal e está prestes a ser entregue. Agora, já com as cores da PM na fachada e detalhes do projeto como a blindagem de certas áreas: não podem mais negar os fatos! Pelas portas dos fundos a PM vai instalando-se e falta pouco para isso se concretizar. Mais uma “obra” da gestão superdemocrática de Vahan/Hernandes.

COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA NÃO QUER POLÍCIA MILITAR DA USP!!!

A burocracia acadêmica uspiana no início da gestão do governo fascista de Bolsonaro, que faz um ataque brutal às universidades, tirou um Manifesto contra o Governo, o que foi correto. Mas agora esta mesma burocracia acadêmica se contradiz, pois ao implementar uma base da Policia Militar em Ribeirão Preto, da mesma forma como fez no Campus de São Paulo, prepara um ambiente universitário antidemocrático, autoritário, persecutório aos movimentos de estudantes, professores e funcionários, gerador de violência, como vivenciamos em muitos momentos, onde mulheres funcionárias e estudantes foram barbaramente agredidas por policiais militares, na porta da reitoria, quando lutavam pacificamente contra a aprovação dos famigerados Parâmetros de Sustentabilidade, que estrangularam os salários por anos. E mesmo diante da truculência da PM, com bombas de gás e prisões ilegais, a reitoria ficou calada e até aumentou o efetivo de policiais dentro da Universidade.

Não é coincidência que as bases da Policia Militar dentro da universidade foram instaladas perto das moradias estudantis e na centralidade dos espaços, não para resguardar a segurança da comunidade, mas para espionar a comunidade.

Nos países considerados democráticos, não existe polícia civil ou militar dentro de Campus Universitário. A segurança é feita por uma guarda universitária própria, como existe na USP. Anos atrás, um professor francês que veio fazer uma palestra na USP (Campus Butantã, na capital) perguntou ao motorista da universidade que o havia buscado no hotel, se aquela Academia de Polícia próxima do Portão 1 estava dentro do Campus. Depois de ouvir a reposta positiva pediu ao motorista que o levasse de volta ao hotel e comunicou o cancelamento da palestra. Nada mais justo!

Pela história que temos, pela história que construiremos, não à presença da PM na USP!!!