
Vou falar um pouco do nosso barco, o Sirius, e da nossa rotina: É um veleiro grande, com motores potentes e velas que poderão ser usadas para economizar combustível. Temos 28 companheiros no total, sendo 7 tripulantes, uma equipe que não poderia ser melhor. O capitão era, até pouco tempo, comandante de barco de resgate, assim como outros da tripulação. Foi o capitão que indicou a compra deste barco pela Flotilha (todos os barcos que estão indo a Gaza são propriedade da Flotilha). Toda a tripulação é politicamente engajada na nossa luta.
Creio que nosso barco é um dos 3 maiores nesta missão, o que permite uma situação melhor que a dos menores em vários aspectos, em outros não. Exemplo: banheiro para “nº 2”, temos apenas 1 para 28; apenas 1 pia para banho de esponja para as “partes”; banho completo só com água salgada, que alguns usam, como eu, depois esponja com água doce.
Está bem, temos tarefas diárias divididas. Eu, por exemplo, estou na equipe de ajudante de cozinha e vigilância noturna, em rodízio de 4 horas para cada dupla: um via proa e bombordo, outro na popa e boreste. Estamos conscientes de que os três barcos maiores são melhores para navegar, mas devem ser os mais visados pelas forças de interceptação e ataque de Israel. Não creio muito em ataque nas circunstâncias atuais, mas apenas em interceptação, provavelmente prisão em Israel.
Aviso: ficaremos todos sem celulares quando interceptados; jogaremos ao mar. Teremos advogados na Palestina e em Israel, e contamos com apoio nos nossos países para pressionar os governos a intercederem pela libertação de todos.
Fazemos simulações constantes de como agir na hora da tomada dos barcos pelas forças israelenses. Estamos nos preparando em todos os sentidos, e estou cada vez mais convicto da firmeza dos camaradas aqui do Sirius.