Encerramos 2025 com a última reunião do Conselho Universitário (CO) no dia 16/12. Enquanto a Reitoria Carlotti/Maria Arminda prepara as malas para deixar o gabinete com discursos de “excelência” e “equilíbrio”, os representantes dos funcionários levaram ao Conselho Universitário a verdade nua e crua: a USP é hoje uma máquina de moer gente, sustentada pela compensação de mais de 100 horas de pontes e recesso, pela precarização e descaso com a permanência estudantil e pela superexploração do trabalho de milhares de terceirizadas, construída sob o racismo e machismo institucionais que humilha as trabalhadoras terceirizadas.
1. O BUSP DAS TERCEIRIZADAS
O Reitor prometeu, mas não cumpriu. A implementação do cartão BUSP para as trabalhadoras terceirizadas segue travada. É inadmissível que, na universidade mais rica do país, mulheres negras e pobres, que recebem um salário mínimo para manter este campus limpo, continuem sendo obrigadas a atravessar a pé distâncias imensas sob sol e chuva porque a Reitoria alega “entraves jurídicos”. Não falta base legal, falta vontade política e sobra racismo institucional.
2. O FIM DA JORNADA DE 8 HORAS E O ROUBO DO NOSSO TEMPO
A jornada de 8 horas na USP virou peça de museu. Sob a imposição da “compensação das pontes e recesso”, a realidade do trabalhador da USP são jornadas exaustivas de 9h a 10h diárias. Somado ao caos do trânsito de São Paulo, o funcionário não tem mais vida fora da universidade. Enquanto os conselheiros votam de suas cadeiras confortáveis, o “chão da universidade” é obrigado a pagar com suor e tempo de vida cada minuto de folga. É o confisco da vida privada em nome de uma produtividade que só serve à burocracia universitária e suas relações empresariais privadas.
3. VR E VA: NÃO FALTA DINHEIRO, FALTA CARÁTER POLÍTICO!
A Reitoria tenta se esconder atrás dos “Parâmetros de Sustentabilidade de 2017” (aquela mesma política de ataque aos nossos direitos que sempre denunciamos) para negar o reajuste do Vale Refeição e o 13º do Vale Alimentação (o famigerado Vale Peru). A verdade é que a USP está sentada sobre bilhões em reservas financeiras (conseguidas com o congelamento dos quinquênios na pandemia). Não atender à nossa pauta específica, incluindo o Adicional por Qualificação, Escolaridade e Reconhecido Saber, é uma decisão política de desvalorização deliberada. Eles querem o nosso “Reconhecido Saber” para os rankings internacionais, mas se recusam a pagar por ele no nosso contracheque.
4. BASTA DE SUCATEAMENTO E FALTA DE CONTRATAÇÕES NO HU
No Hospital Universitário, o cenário beira o criminoso. Enquanto a Reitoria ostenta superávit, o HU sofre com um desmonte planejado: a falta crônica de funcionários e a ausência de novas contratações transformaram o hospital em um corredor de sobrecarga e adoecimento. A precarização é tamanha que nem a manutenção básica é feita, chegando ao ponto de termos escorpiões nos quartos dos pacientes. Para a cúpula da USP, a saúde da população e a dignidade do trabalhador do HU valem menos que suas planilhas de “sustentabilidade”. Não aceitaremos que o hospital seja entregue às OSs ou sucateado até a morte!
5. CRUSP: REPRESSÃO E EXPULSÕES DISFARÇADAS DE “REFORMA”
A política de permanência da Reitoria é, na verdade, uma política de expulsão. O que vemos no CRUSP é o abandono: blocos fechados para reformas eternas sem o pagamento de uma bolsa-aluguel digna que garanta a moradia estudantil. O resultado? Estudantes nas ruas ou vivendo sob o cerco de grades e repressão. Uma universidade que se diz “inclusiva”, mas que trata seus moradores como caso de polícia.
Nossa gestão sindical termina este ciclo com a certeza de que o diálogo com essa Reitoria nunca existiu. A única linguagem que eles entendem é a da mobilização, da luta.
Desejamos que em 2026 a luta dos trabalhadores e estudantes tome conta das unidades de ensino, dos bandejões, dos museus dos hospitais da USP. Que o próximo ano seja de luta com os métodos da classe trabalhadora com atos, greves, ocupações para a construção de uma USP verdadeiramente a serviço dos trabalhadores e do povo pobre!
