A gestão Carlotti–Maria Arminda termina sem cumprir uma demanda elementar: o BUSP para as terceirizadas. Além disso, aprofundou um regime de terceirização racista e machista que joga sobre mulheres negras a pior parte do trabalho na USP.
O BUSP para as terceirizadas foi aprovado no Conselho Gestor do Campus e incorporado ao Plano Diretor no começo do ano, fruto da luta do SINTUSP e da categoria, como a própria prefeita do campus Raquel Rolnik teve que admitir:
“A reivindicação de que o BUSP possa ser usado pelos terceirizados foi aceita e está incorporada no Plano Diretor. Isso foi muito claramente fruto da luta do Sintusp, presente e colocando essa questão em todas as oficinas, em todos os processos de participação”
No entanto, a Reitoria segue se negando a implementar um direito elementar de transporte dentro do próprio local de trabalho, muito embora o próprio Carlotti tenha dito em reunião do conselho universitário que o BUSP seria concedido. Num orçamento bilionário que ultrapassa os 9 bilhões de reais ao ano, alegar qualquer dificuldade para garantir ônibus interno gratuito para quem limpa, cozinha e mantém a USP funcionando é uma escolha política consciente de manter a segregação entre efetivas e terceirizadas.
Não se trata de “mero modelo de gestão”: na USP, a terceirização tem cor, gênero e classe, porque recai majoritariamente sobre mulheres negras em serviços de limpeza, copa e manutenção, justamente os trabalhos mais precarizados e invisibilizados. Negar o BUSP, bem como negar direitos iguais como carreira, prêmios e estabilidade para esse setor é levar adiante um projeto racista e machista de universidade, que admite a presença de mulheres negras apenas como mão de obra barata, sem direitos e circulando menos pelo campus do que estudantes e servidores efetivos.
Enquanto divulga discursos de “diversidade” e “inclusão”, a Reitoria consolida um modelo em que quem realiza o trabalho mais pesado continua sem o direito básico de se deslocar com segurança e dignidade dentro da universidade. Esse legado não é neutro: é a continuidade de uma USP que se apoia na superexploração de mulheres negras terceirizadas, tratando como favor o que deveria ser o mínimo, e mostrando que o racismo e o machismo institucionais seguem estruturando a organização do trabalho na universidade.
A luta pelo BUSP é parte da batalha estratégica pelo fim da terceirização e pela efetivação sem concurso de todas e todos que hoje sustentam a USP em condições precárias, enfrentando de conjunto o caráter racista, machista e privatista desse projeto de universidade.
Pelo direito ao BUSP para todas as terceirizadas!
