A situação do Hospital Universitário da USP é marcada por anos de desmonte, falta crônica de trabalhadores e ataques ao caráter público do hospital, o que aumenta ainda mais o peso que recai sobre os funcionários do hospital, principalmente sobre a equipe de enfermagem, responsável direta pelo cuidado cotidiano com os pacientes. Em meio a esse cenário, a forma como é escolhida a Diretoria de Enfermagem expõe um modelo autoritário e distante da realidade do HU, que precisa ser transformado a partir da organização dos próprios trabalhadores do Hospital.
Quem trabalha no HU tem que escolher a direção!
O abaixo-assinado construído pelos auxiliares, técnicos e enfermeiros do HU, em reunião conjunta com o Sintusp, parte de um princípio simples e democrático: a Diretoria de Enfermagem tem que refletir as necessidades e o cotidiano de quem está na linha de frente. Hoje, essa escolha é feita pela Congregação da Escola de Enfermagem da USP, um órgão com papel central na formação, mas que não vive o dia a dia dos plantões, da superlotação, da falta de pessoal e de materiais, nem o impacto direto das decisões administrativas sobre o trabalho e o atendimento no hospital.
Ao reivindicar que os profissionais de enfermagem do HU – auxiliares, técnicos e enfermeiros – possam votar e participar diretamente da escolha de sua diretora, o abaixo-assinado defende que a direção esteja enraizada na realidade concreta do hospital, conhecendo as dificuldades e potencialidades de cada setor. Essa mudança aponta para uma gestão mais democrática, em que a chefia não seja imposta de cima para baixo, mas construída com a equipe, fortalecendo a coesão, o sentimento de pertencimento e o compromisso com um HU público, de qualidade e voltado às necessidades da população.
Democracia para enfrentar o desmonte
O desmonte deliberado do HU pela Reitoria – com corte de orçamento, não reposição de servidores, terceirização e precarização – não é neutro: é um projeto que tenta transformar o hospital em negócio, em vez de garantir o direito à saúde e o papel do HU como hospital-escola e serviço fundamental ao SUS. Nessa conjuntura, manter um processo de escolha de direção controlado por instâncias externas ao cotidiano do HU só contribui para afastar ainda mais a gestão dos problemas reais de quem trabalha e de quem é atendido.
Ao contrário, uma direção de enfermagem escolhida pelos próprios trabalhadores do HU tende a fortalecer a resistência ao desmonte, pois estará mais comprometida em defender condições dignas de trabalho, número adequado de profissionais, dimensionamento seguro das equipes e um atendimento que não sacrifique a saúde de trabalhadores e usuários. A luta por democracia interna no HU está diretamente ligada à luta contra a terceirização, contra qualquer forma de privatização e pela recomposição do quadro de funcionários via concursos e pela plena vinculação do hospital à USP e ao SUS.
Chamado aos trabalhadores e às Congregações
O Sintusp chama todos os trabalhadores e trabalhadoras da USP a abraçarem a defesa do HU como uma bandeira de toda a categoria, exigindo um processo democrático para a escolha da Diretoria de Enfermagem, denunciando qualquer tentativa de manter ou aprofundar mecanismos autoritários de gestão no hospital e , principalmente fortalecendo a luta contra o desmonte e entrega do Hospital para Fundações e Organizações Sociais. É fundamental organizar reuniões por setor, discutindo a situação do Hospital para nos mobilizarmos para novas ações unificadas em defesa de um HU na USP e a serviço da população, com condições dignas de trabalho e atendimento.
Chamamos também os representantes dos funcionários nas Congregações das unidades da USP a levar esse debate para seus espaços, pautando e buscando aprovar moções de apoio às trabalhadoras e trabalhadores do Hospital Universitário, em defesa da democratização da escolha da Diretoria de Enfermagem e contra o desmonte do hospital. Defender o HU é defender a própria universidade pública e o direito à saúde da população trabalhadora; por isso, é hora de unificar forças para afirmar alto e claro: o HU é nosso, e quem decide seu rumo são os trabalhadores e a comunidade, não os projetos de desmonte da Reitoria.
Saiba mais sobre o abaixo-assinado em: https://l1nq.com/hu-enfermagem