Reitorias querem nos empurrar 5,51% de reajuste com inflação medida pelo IPCA batendo 5,53%

Ontem, dia 19/05, ocorreu a negociação com o Cruesp (entidade que reúne os reitores das 3 universidades estaduais paulistas) e o Fórum das Seis para debater a pauta unificada da campanha salarial deste ano. Os técnicos do Cruesp abriram a reunião apresentando um cenário econômico pessimista para reafirmar que, para não comprometer o orçamento das universidades, não deveria haver recuperação de perdas e o reajuste cobrir apenas a inflação, medida pelo IPC-Fipe em 5,01%. O Técnico do Cruesp também argumentou que o contingenciamento de verbas para as universidades federais promovido pelo Governo Federal (Lula-Alckmin) comprova as previsões de baixa arrecadação.
O Fórum das Seis respondeu os técnicos apresentando um forte contraponto. No ano passado os técnicos previam um aumento tímido da arrecadação e isso foi usado de argumento contra a reivindicação do ano passado de 18%. Cabe lembrar que tivemos uma inflação bastante baixa de 2,33%, o Cruesp ofereceu inicialmente 3% de reajuste e graças a força da mobilização que cercou o prédio onde ocorria a negociação chegou-se no valor de 5%. No entanto, a arrecadação de 2024 superou os 14% e neste ano, mesmo com o cenário pessimista dos técnicos, a previsão é de, no mínimo, um aumento de 9% na arrecadação. Ou seja, usam a crise econômica e os ataques do governo federal às universidades para rebaixar nossas demandas, no momento em que os trabalhadores mais precisam dos reajustes.
Os técnicos ainda apresentaram como política de recomposição de perdas a progressão na carreira, como se, após 11 anos sem carreira na USP, e que nas demais universidades ocorreu também de forma bastante insuficientes, fosse política de recomposição salarial e não de valorização.
Vale lembrar que: Reajuste diz respeito à inflação do período e recomposição ou recuperação diz respeito às perdas salariais fruto dos arrochos nos salários de anos anteriores. A valorização, através de mecanismos como a progressão na carreira, diz respeito ao desempenho e experiência adquirida nos anos de trabalho na universidade.
Nossas representantes do SINTUSP rebateram fortemente os argumentos usados pelos técnicos e posteriormente pelos reitores colocando que as previsões dos técnicos sempre jogam para baixo os salários e que, no entanto, nunca há uma correção dessas previsões quando a arrecadação supera o previsto. Ou seja, usam o futuro da arrecadação para rebaixar nossos salários, mas a cada negociação já começamos a perder nosso poder de compra, pois a inflação dos meses seguintes já vai começar a corroer os salários. O resultado dessa política é perdas salariais que não foram recuperadas desde 2012 para cá, maior endividamento das categorias e maior adoecimento também.
Isso porque, ao longo dos últimos anos, o número de funcionários, especialmente na USP, nunca foi tão baixo. Em 2014 éramos mais de 17.500 funcionários e hoje somos perto de 12.500. Temos que repor mais de 84 horas das pontes e recessos. Estamos sobrecarregados, adoecidos, trabalhando mais (e a USP pedindo mais entrega) e sequer conseguimos recuperar o poder de compra que tínhamos em 2012!
Os reitores se retiraram em um determinado momento e depois de quase uma hora de espera retornaram com uma proposta de 5,51%. Ou seja, MEIO PORCENTO de recuperação de perdas salariais!!! Um escárnio com o ato que estava lá fora aguardando uma proposta substancialmente melhor, ainda mais com a USP tendo 8 BILHÕES em caixa e um comprometimento abaixo de 85% com folha de pagamento.
Não podemos aceitar que não haja recuperação de perdas diante de uma categoria endividada e adoecida de tanto trabalhar!
Queremos nova rodada de negociações e o atendimento integral da pauta unificada!
Além disso, nossas representantes pegaram o Carlotti na saída para denunciar que o VA dos trabalhadores da USP é o menor das três universidades. Enquanto os servidores da Unesp recebem cerca de R$1.500 e da Unicamp R$1.950,00, nosso VA é de R$1.290,00, sendo que São Paulo é uma das capitais com a cesta básica mais cara do estado e que isso é inaceitável. Denunciaram também a necessidade de debater a política de transferências e as demandas dos trabalhadores a respeito do adoecimento mental, as demandas das mães e das mulheres entre outros aspectos que ficaram pendentes da nossa última reunião com a Copert no ano passado.
