O SVOC (Serviço de Verificação de óbitos) da USP vem sendo sucateado no decorrer dos anos, provavelmente como parte de um projeto para privatizar os serviços, ou terceirizar definitivamente para a Faculdade de Medicina que mantém funcionários ali trabalhando.
A falta de funcionários e até mesmo de macas para colocar os cadáveres que recebem diariamente vem tomando proporções desastrosas. A população, familiares dos mortos que são encaminhados para lá, pressiona para a realização do serviço, inclusive com chamados à polícia e reportagens nos meios de comunicação. A direção, ao invés de resolver os problemas que geram estes conflitos, piora a situação cortando todas as autopsias durante a noite e mantendo apenas o serviço de recebimento dos corpos, o que gera grandes atrasos na entrega dos mortos aos seus familiares.
Como a corda arrebenta do lado mais fraco, os poucos funcionários recebem assédio moral constantes, sendo chamados de “vagabundos” por uma senhora “chefe puxa saco” que desconhece o que significa o serviço público e a situação de mulheres que ali trabalham e lidam sozinhas com corpos de todos os tamanhos e pesos, inclusive colocando a população contra os trabalhadores. Além disso o ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) não é respeitado também.
É vergonhoso uma universidade que doou à Fundação da Faculdade de Medicina de São Paulo e FAEPA (ambas instituições privadas) R$237 milhões de reais, e com um caixa de quase 7 bilhões de reais, não ter dinheiro para comprar macas e contratar funcionários para o único serviço público com esta especialidade que atende a população da cidade de São Paulo.
Os gestores da Faculdade de Medicina e do SVOC teriam que ter vergonha desta situação e não ficar fechando serviços e aceitando que chefias inescrupulosas assediem trabalhadores, ao invés de equiparem e darem melhores condições de trabalho e, como resultado, prestação de serviço público de qualidade para a população que mantém a Universidade.