O CRUESP marcou para o dia 6 de maio, próxima segunda-feira, a reunião da comissão técnica responsável por analisar as condições financeiras das universidades. E marcou para o próximo dia 16 de maio, a audiência entre o Fórum das Seis e o CRUESP, para negociação da pauta unificada que inclui a recuperação das nossas perdas salariais, acumuladas desde de 2012. Hora de arregaçar as mangas, organizar as reuniões em todas as unidades, construir a mais forte mobilização, e lutar pela recuperação das perdas salariais sofridas pela categoria, ao longo de 12 anos!
De quais perdas estamos falando
Desde maio de 2012, os trabalhadores e trabalhadoras da USP, UNESP e UNICAMP vem acumulando perdas salariais, que em 2022 chegaram ao absurdo índice de 40%. Isso significou perder um poder de compra equivalente a R$ 400,00, para cada mil Reais de salário. A soma dos prejuízos causados por essas perdas, a cada trabalhador e trabalhadora das três universidades, chega ao total ainda mais absurdo de 19,9 salários, em 12 anos.
Vejam os números do arrocho salarial
Só é possível entender o tamanho do arrocho salarial que sofremos ao longo desses 12 anos, resgatando parte dos reajustes salariais rebaixados que tivemos nesse período.
Vejamos: em 2014 o Zago tentou congelar nossos salários, mas, depois de 118 dias de greve, a justiça do trabalho obrigou ele a pagar um reajuste de 5,2% e a devolver os três meses de salários que havia descontado dos trabalhadores e das trabalhadoras em greve. Em 2015, tivemos um reajuste de 7,21%; em 2016, o reajuste foi de apenas 3%; em 2017, o reajuste foi de ZERO por cento (0%); em 2018, o reajuste foi de 1,5%; em 2019, o reajuste foi de 2,2%; em 2020, o reajuste foi de ZERO por cento (0%) e em 2021 foi ZERO por cento (0%) outra vez. Como se vê foram três anos com reajustes abaixo da inflação oficial e três anos sem reajuste algum. Somando isso às perdas que já vínhamos acumulando desde 2012, chegamos ao ano de 2022 com uma perda de 40%.
Os reajustes de 2022 e 2023 não foram suficientes
Em 2022, o reajuste necessário para recuperar o mesmo poder de compra dos nossos salários de 2012 era de 40%, mas o reajuste imposto pelo CRUESP foi de 20,67%, ou seja, pouco mais da metade do reajuste devido e, em 2023, o reajuste necessário para repor as perdas restantes mais a inflação do ano, era de 26%, mas o CRUESP impôs um reajuste de 10,51%. Dessa forma, a política de arrocho salarial se manteve e, por isso, continuamos deixando para traz, todos os meses, parte significativa dos nossos salários, cuja soma já chega ao valor de 19,9 salários!
Não podemos aceitar que essa política de arrocho se mantenha!
Todos, todas e todes ao ATO em 16/5, para recuperar nossas perdas!
Daqui até a negociação em 16/5, cada companheiro e companheira do CDB, cada diretor e diretora do sindicato, cada delegado e delegada que participaram do nosso Congresso deve fazer todo o esforço necessário para marcar e realizar reuniões em todas as unidades e assembleias em todos os campi pra discutir, convocar e organizar a categoria para participar de uma grande ato durante as negociações com o CRUESP em exigências à reposição das nossas perdas salariais ainda neste ano.
Basta de mentiras, falta de transparência e números forjados
E é importante cada trabalhador e cada trabalhadora perceber que se trata sim de uma política deliberada pelos reitores, de arrocho cada vez maior.
Também é preciso entender que a cantilena usada pelos reitores para justificar um arrocho salarial dessa proporção, não está de acordo com a verdade.
A Primeira mentira aparece na hora de negociar a reposição das nossas perdas salariais e o reajuste dos valores corroídos dos nossos benefícios (VA/VR). É quando de reitoria agita o espantalho de um suposto risco de crise financeira, que supostamente seria um impeditivo para o aumento das despesas fixas da universidade e para o reajuste dos nossos salários. Mas, ao mesmo tempo alega risco financeiro para tentar justificar o pão arrancado de nossas famílias, a reitoria vai à Assembleia Legislativa dizer ao governo e aos deputados, que a universidade não precisa receber do estado uma dotação orçamentaria maior, pois conta com financiamento advindo de convênios firmados com 1934 empresas privadas. Uma dessas duas declarações que se contradizem é mentirosa!
A segunda mentira está na alegação de que as universidades não têm condições de repor nossas perdas salariais quando juntas a USP, a UNESP e a UNICAMP têm uma reserva financeira de cerca de 10 bilhões de Reais. Só a USP fechou o último ano com um caixa de R$ 6.680.000.000,00 (seis bilhões e seiscentos e oitenta milhões de reais). Só isso já é mais do que a folha de pagamento de um ano inteiro. Esse dado é importante, pois não apenas desmascara a mentira, mas também mostra onde estão, e o que foi feito dos 19,9 salários confiscados de cada um e cada uma de nós nos últimos 12 anos.
A falta de transparência é comprovada pelo fato de ninguém ter sequer ideia de quanto dinheiro entra e sai da universidade, nem para onde esse dinheiro vai. Recentemente soubemos pela boca do diretor da física que a universidade tem recebido dinheiro até do exército norte americano. Tão pouco é possível saber quanto de dinheiro entra de cada das 1934 empresas conveniadas com a USP e, menos ainda, quem são os titulares das contas bancárias para onde esse dinheiro está indo. Mas muitos de nós ouvimos o reitor dizer ao diretor da física para entregar o dinheiro (público) do departamento de estado dos Estados Unidos, “para a fundação”, uma instituição de direito privado.
E, sobre números forjados; também é necessário sabermos que, há muito tempo, a reitoria tem levado à pratica uma política que transforma verba de custeio em verba de pessoal e, com isso, aumenta artificialmente o comprometimento com folha de pagamento.
Por exemplo, no caso da alimentação: quando fazíamos nossas refeições nos bandejões, o subsídio de 80% do valor entrava no custeio do bandejão, agora com o VR, o subsídio entra na folha de pagamento.
Na assistência à saúde: quando tínhamos atendimento pleno pelo HU, nossa assistência à saúde entrava no custeio do hospital, agora com o auxílio saúde, essa despesa entra na folha de pagamento. Com isso, o comprometimento com a folha vai aumentando e assim diminuindo a margem para reajustes salariais.
A greve das(os) trabalhadoras(es) das universidades federais mostra o caminho
Só com nossa organização e nossa luta podemos derrotar os reitores e sua política de arrocho, terceirização, precarização e desmonte das universidades. Os companheiros e as companheiras das universidades federais estão numa poderosa greve, lutando contra a política de ataques e arrocho salarial do governo Lula/Alckmin. Esse o único caminho eficaz pra defesa dos nossos salários, nossos empregos e nossos direitos. Ou nos unimos e tomamos o mesmo caminho de luta trilhado pelos(as) companheiros(as) das federais ou vamos continuar vendo a terceirização, a precarização e o desmonte da universidade avançando e também os números da tabela, aumentando todos os meses.
Não há nenhuma zona de conforto! Não há nenhuma outra saída! Vamos à luta!