Se houve ato ilícito, que sejam punidos os autores e não as vitimas

A atitude de expulsar os tripulantes dos navios do IO, sem pagar nenhum de seus direitos rescisórios, como a reitoria está tentando fazer, alegando que os mesmos foram contratados de forma irregular, não é apenas desumana, é também cínica e covarde.

Se o atual reitor decidiu confessar que a contratação desse trinta companheiros foi um ato ilícito, ele deve ser consequente fazendo a confissão por inteiro, ou seja, assumindo que quem cometeu tal delito, em nome da universidade, foram vários de seus gestores incluindo reitores e diretores do IO e, a partir disso, adotar as medidas necessárias para que esses que burlaram as leis paguem por seus atos ressarcindo a universidade pelos danos que causaram.

Tem mais, esses burocratas acadêmicos não costumam respirar sem que essa ação natural esteja aparada em algum parecer da sua procuradoria jurídica, órgão de tão triste memória. Sendo assim, onde estão os procuradores que deram o parecer favorável às contratações desde o início?  Onde estão os reitores e diretores do IO que, contrariando a constituição (segundo os atuais procuradores) contrataram os primeiros desses trabalhadores de forma dita irregular? Quais medidas a PG está indicando para que esses paguem pelos seus ilícitos?

Nada! Até o momento nenhum procurador “zeloso da lei e das normas” que regem a administração pública propôs nenhuma medida contra os que propuseram e os que efetivaram as contratações que dizem ter sido irregular, apenas propõem punir de forma cínica e desumana esses tripulantes, que foram as primeiras e maiores vítimas dos atos ilícitos praticados por um bando de burocratas acadêmicos.

 Não podemos e não vamos aceitar mais essa arbitrariedade absurda dessa mesma burocracia.

Os tripulantes dos navios não invadiram o local e nem tomaram à força os cargos que ocupam. Eles foram contratados em nome da USP e tiveram suas carteiras de trabalho assinadas pela USP. Eles conduziram com segurança as equipes de técnicos e pesquisadores da USP, desde as primeiras expedições à Antártida. Apenas por isso eles já mereciam ter seus nomes gravados em lugar de honra na história dessa universidade.

Mas ao invés das honras e agradecimentos, eles estão sendo banidos expulsos sem direito a nada.

Não vamos aceitar essa atitude arbitraria da USP, que tal qual um criminoso que deseja ocultar ou destruir um corpo de delito que comprova seu crime está tentando anular, apagar da história e da memória coletiva, a passagem  desses tripulantes pelo convés dos navios que levaram pelos oceanos os mesmos pesquisadores que agora lhes viram as costas.

Não podemos aceitar! Não aceitaremos sem luta! Nós trabalhadores e trabalhadoras da USP não daremos as costas aos nossos companheiros. E vamos até a porta da reitoria dizer isso ao reitor, nessa quinta-feira, ao meio dia.