Na contramão do discurso oficial da USP, da inclusão e pertencimento, da humanização das relações e da democracia, o Diretor do Museu de Zoologia da USP lida com os funcionários da unidade na base da perseguição, da vigilância, da punição e do medo. Não é de hoje que os funcionários da unidade vivem sob intensa pressão e adoecimento, mas o atual diretor, o Prof. Marcelo Duarte, superou todos os limites.

Advertências por escrito são impetradas e processos administrativos são abertos de forma leviana, câmeras de vigilância são utilizadas para controlar cada passo dos trabalhadores, funcionárias são constrangidas com fotos quando retiram materiais de trabalho no almoxarifado. Qualquer problema de pessoal é resolvido de forma disciplinar, sem qualquer diálogo prévio com seus subordinados.

Uma trabalhadora, por falhas no equipamento e divergências de poucas horas no registro de ponto, está sendo ameaçada de demissão em processo administrativo disciplinar. São vários os exemplos, enquanto o Diretor se regozija com suas canetadas punitivas, os trabalhadores ficam cada vez mais adoecidos, com medo de manifestarem suas opiniões, sob rédea curta.

No caso mais emblemático, de um trabalhador que se exaltou em discussão de whatsapp, por usar a palavra “fogo” em sentido figurado, foi afastado por meses do serviço e responde por ameaça ao patrimônio em processo administrativo. O Prof. Marcelo Duarte, além de incapaz de administrar os recursos humanos do Museu de Zoologia de forma minimamente racional, desconhece o básico da língua portuguesa ao não diferenciar o sentido figurado e a literalidade que as palavras adquirem a depender do contexto. Qualquer concurso da USP tem como um dos pilares de avaliação de interpretação de texto a capacidade de discernir entre a conotação e denotação. O “fogo” a que se refere o companheiro na discussão seria a mobilização dos próprios trabalhadores, fazendo menção a acionar o representante dos funcionários e possivelmente o Ministério Público do Trabalho quanto ao registro fotográfico das pessoas na retirada de materiais de trabalho.

Os alvos prioritários dessa sanha punitiva são os trabalhadores que expressam alguma criticidade à gestão, ou que desempenharam o papel de representantes dos funcionários nos últimos anos. Aos colegas do MZ que se sentem blindados desse tipo de conduta autoritária, não se enganem: hoje são eles, amanhã serão vocês. Neste momento, toda solidariedade é necessária aos trabalhadores do Museu de Zoologia pela reversão dos processos e advertências e para que cessem minimamente os abusos de poder cometidos pelo tirano que ocupa hoje a gestão. Que os funcionários do MZ possam trabalhar tranquilos em um ambiente minimamente saudável. As condições de trabalho em cada unidade dependem principalmente da organização política de seus trabalhadores para se defenderem dos desmandos da burocracia, não é de hoje que funcionários do MZ são punidos por conta de suas opiniões e posicionamentos. De todo modo, é possível também que os diretores adotem um modelo de gestão minimamente humanizado e democrático, a exemplo da saudosa gestão do Prof. Carlos Brandão na Zoologia, na qual os funcionários eram respeitados e valorizados pelo trabalho feito, e não alvejados administrativamente por conta de suas opiniões.