A reunião do Conselho Universitário ocorrida nesta segunda (22) aprovou por ampla maioria uma resolução que estabelece uma política de cotas e bonificação para PPIs (Pretos, Pardos e Indígenas) em concursos para docentes e Funcionários administrativos (veja proposta aqui)
Fruto de muita luta do movimento negro, dentro e fora da USP, enfim a principal universidade do país aprova uma política de cotas em concursos. No entanto, é importante destacar a forma autoritária que a reitoria conduziu esse debate, bem como as limitações da resolução aprovada.
O movimento negro atuante na universidade não foi convidado pela PRIP (Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento) e nem pela reitoria para contribuir na elaboração da proposta que foi votada pelo CO. Além disso, o reitor negou o pedido do Núcleo de Consciência Negra da USP e do Movimento Negro Unificado para participarem da Reunião do CO que discutiu o tema. Diante disso, várias entidades do movimento negro, estudantil, bem como Sintusp e Adusp chamaram um ato na porta da reitoria antes da reunião do CO. Foi feito um novo pedido para que uma Comissão do Movimento pudesse entrar e acompanhar a reunião. O reitor, mais uma vez, negou a solicitação. Isso só reforça o caráter elitista dessa universidade!
Quanto à proposta aprovada pelo CO, a sua principal limitação, que foi apontada por várias falas de conselheiros, especialmente os estudantes e os nossos representantes de funcionários, é que a previsão de reserva de vagas se dá apenas em concursos com 3 ou mais vagas. A grande maioria dos concursos para docentes, no entanto, tem apenas 1 vaga. Nesses casos, haverá uma bonificação para candidatos PPI, o que é bastante insuficiente. Ora, as negras e negros sempre estiveram na USP. A questão é que estão majoritamente nos postos de trabalho mais precários, como nas funções terceirizadas ou do grupo básico. Por outro lado, o segmento da Universidade com menor proporção de PPIs é justamente no corpo docente, com menos de 3%. Portanto, ao invés de apresentar uma política para avançar significativamente no enegrecimento do corpo docente da USP, a reitoria optou por um caminho conservador. Não surpreende o medo de reitor em ouvir o movimento negro!
Apesar das limitações, os representantes de funcionários votaram a favor da proposta, conforme deliberamos em nossa Assembleia, por considerarmos um avanço, ainda que tímido, na tarefa de mudar a composição racial da Universidade e combater o racismo.
Veja Abaixo as falas dos Representantes de Funcionárias (os) neste ponto:
Fala da Representante Bárbara (Babi) no ponto sobre Cotas em Concursos
Fala do Representante Reinaldo Souza no ponto sobre Cotas em Concursos
Fala do Representante Samuel Filipini no ponto sobre Cotas em Concursos