Pauta Unificada de Reivindicações 2023
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E apresenta suas reivindicações para a data-base de 2023:
O Fórum das Seis reafirma sua posição
- em defesa da autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial das Universidades Estaduais Paulistas e do Centro Paula Souza (Ceeteps), conforme o artigo 207 da Constituição Federal;
- pelo aumento de recursos financeiros do Estado destinados à educação pública, básica e superior, garantindo as condições para a expansão com qualidade e controle social; garantia de financiamento público adequado e fim da inserção de gastos com aposentadorias e pensões no percentual mínimo de 30% destinados à educação;
- pela democratização dessas instituições educacionais em todos os seus aspectos: acesso, permanência, produção do conhecimento e estrutura de poder;
- contrária à repressão e à perseguição a estudantes, funcionária(o)s técnico-administrativa(o)s e docentes, que lutam em defesa da educação pública;
- pela necessidade de dotação específica do orçamento das universidades paulistas e do Ceeteps para assegurar políticas efetivas de acesso e permanência estudantil, seguindo padrões isonômicos;
- contrária à terceirização de pessoal nas universidades estaduais paulistas e no Ceeteps;
- pela retomada plena das contratações de servidora(o)s docentes em RDIDP e técnico-administrativa(o)s, por concurso público.
- em defesa de isonomia e paridade entre pessoas aposentadas e pessoal na ativa das Universidades Estaduais Paulistas e do Ceeteps;
- pela valorização salarial e condições de trabalho e estudo adequadas para servidora(o)s técnico-administrativa(o)s, docentes e estudantes;
- contra a reforma administrativa do governo Tarcísio de Freitas-Felício Ramuth, em defesa dos serviços públicos e do atendimento à população, pelos direitos do funcionalismo;
- contra parcerias com o governo estadual que visem o avanço da privatização das universidades e do conhecimento produzido;
- em defesa das ciências e tecnologias com financiamento exclusivamente público, contra o inovacionismo e o produtivismo acadêmicos.
E apresenta suas reivindicações para a data-base de 2023:
I – RECOMPOSIÇÃO SALARIAL E ISONOMIA, JÁ!
Salário
Argumentação
Desde a publicação do Decreto nº 29.598, de fevereiro de 1989, que estabeleceu a autonomia didática e de gestão financeira para as Universidades Estaduais Paulistas, as políticas salariais de servidora(e)s docentes e técnico-administrativa(o)s têm sido debatidas pelo Cruesp em conjunto com o Fórum das Seis. Definiu-se como data-base o 1º de maio, data que marca, entre outros, o dia a partir do qual devem ocorrer as recomposições salariais anuais devido às perdas inflacionárias. Porém, desde 1989, quando teve início a autonomia, estamos sendo submetida(o)s a perdas inflacionárias significativas. Vejamos estes números:
- Em negociação com o Fórum das Seis, em 7/3/2022, o Cruesp concedeu um reajuste de 20,67%, correspondente a uma parte da inflação medida entre maio/2012 e fevereiro/2022. Na mesma negociação, por meio do Comunicado Cruesp nº 1/2022 – e posteriormente reafirmado pela equipe técnica do Cruesp – foi assumido o compromisso de reposição de 14 meses (março/2022 a abril/2023) na data-base 2023.
- Adotando-se o índice de inflação do Fórum das Seis (que considera o ICV-Dieese até fev/2020 e o INPC após esta data) e supondo que os índices de inflação dos meses de março e abril de 2023 sejam os mesmos que de fevereiro/2023, a inflação acumulada desde março/2022 será de 7,10%.
- Considerando-se que a perda acumulada de maio/2012 a abril/2023 será de 26,03%, após a reposição da inflação dos 14 meses, ainda será necessário um reajuste de 17,68% para voltarmos ao patamar salarial de maio/2012.
As perdas acumuladas a partir de maio/2012 chegam a patamares altos – em especial para aquela(e)s em início de carreira – e considerando o bom momento econômico e financeiro das universidades, o Fórum das Seis reivindica ao Cruesp que se comprometa com a elaboração democrática de um plano de recomposição, cuja aplicação se inicie em maio de 2023, de modo a recompor os salários ao seu poder de compra de maio/2012.
Reivindicações
Com base nas considerações anteriores e, também, levando em conta:
- o cenário dos últimos comprometimentos das folhas de pagamento em relação aos repasses do ICMS-QPE às Universidades,
- os fundos de reservas das Universidades, e
- o objetivo de construção de um efetivo sistema de educação superior pública no estado de São Paulo, que garanta tratamento isonômico entre as instituições e a valorização das carreiras, reivindicamos:
- Que, em maio de 2023, além do reajuste compensar a inflação dos 14 meses (março /2022 a abril/2023), haja também a implementação de um plano de recomposição salarial, garantindo-se, de imediato, um reajuste adicional para cobrir a metade do índice que ficaria faltando para que os salários voltassem a ter o mesmo poder aquisitivo dos salários de maio de 2012. Os índices projetados pelo Fórum das Seis são: 7,10% (inflação de março/2022 a abril/2023) + 8,48% sobre o salário já reajustado, o que corresponde à metade do total de perdas desde maio/2012. O índice total de reajuste imediato, portanto, seria de 16,18%.
- 1.1 Continuidade do grupo de trabalho, com representantes do Cruesp e do Fórum das Seis, para elaborar um plano de recomposição salarial com vistas à quitação ainda em 2023 da segunda metade da diferença que falta para a recomposição do poder de compra que os salários tinham em maio/2012. Portanto, em números previstos: 8,48%. Fechamento deste item em outubro de 2023, conforme compromisso histórico entre as partes, de realização de nova negociação no segundo semestre de cada ano.
- Recomposição das perdas salariais de servidora(e)s docentes e técnico-administrativa(o)s do Centro Paula Souza (Ceeteps), de acordo com índices adotados pelo Cruesp no período de 1996 a 2023, em respeito ao vínculo legal entre o Ceeteps e a Unesp, de acordo com o artigo 15 da Lei 952/1976.
- Que, em maio de 2023, além do reajuste compensar a inflação dos 14 meses (março /2022 a abril/2023), haja também a implementação de um plano de recomposição salarial, garantindo-se, de imediato, um reajuste adicional para cobrir a metade do índice que ficaria faltando para que os salários voltassem a ter o mesmo poder aquisitivo dos salários de maio de 2012. Os índices projetados pelo Fórum das Seis são: 7,10% (inflação de março/2022 a abril/2023) + 8,48% sobre o salário já reajustado, o que corresponde à metade do total de perdas desde maio/2012. O índice total de reajuste imediato, portanto, seria de 16,18%.
Valorização dos níveis iniciais das carreiras
Não menos importante do que as perdas a que estamos submetida(o)s é a situação sentida de forma mais acentuada por servidora(e)s docentes e técnico-administrativa(o)s em início de carreira. Além de verem seus proventos serem consumidos pelas perdas inflacionárias, tais servidora(e)s foram e estão sendo atingida(o)s de forma mais contundente pelas reformas da previdência desde o começo dos anos 2000. Assim, faz-se necessária, além da recuperação das perdas, uma política de valorização (inclusive salarial) das posições iniciais nas carreiras de servidora(e)s das três Universidades Estaduais Paulistas e do Ceeteps. Importante, ainda, criar canais de discussão sobre as condições de trabalho da(o)s servidora(e)s docentes e técnico-administrativa(o)s, comumente submetidos a uma sobrecarga de tarefas.
Houve compromisso do Cruesp de pensar propostas de valorização dos níveis iniciais das carreiras como forma de garantir a qualidade do trabalho realizado nas Universidades e no Ceeteps. Por isso, reapresentamos as seguintes propostas do Fórum das Seis:
Para docentes:
Alteração nos interstícios que separam os salários referência dos vários níveis da carreira, fixando-os em um mesmo valor de 7% e usando o salário base do MS6 como referência.
Para as/os servidora(e)s técnico-administrativa(o)s:
Acréscimo de um valor fixo para toda(o)s, incidindo de forma diferenciada entre os níveis, pois o acréscimo percentual será maior para os níveis iniciais do que para os mais altos na carreira. A parcela fixa deverá ser calculada em cada universidade, de forma a corresponder ao valor necessário para que o menor salário (piso do nível Fundamental I) equivalha a três salários mínimos nacionais.
II – Acompanhamento dos efeitos da pandemia da Covid-19
- – Elaboração de diagnósticos, pelas instituições, dos impactos da Covid-19 sobre as condições de vida, saúde física e mental, levantando os agravos pós-Covid. Destinação dos recursos necessários para programas de minimização destes impactos.
- – Monitoramento epidemiológico permanente de casos e óbitos decorrentes da Covid-19. Se necessário, reedição de medidas sanitárias que se fizerem necessárias.
- – Disponibilização de relatórios sobre as reformas de infraestrutura físicas realizadas por conta da pandemia.
- – Implementação ou ampliação dos sistemas de atendimento à saúde mental nas universidades estaduais paulistas e Centro Paula Souza.
- – Defesa do efetivo ensino presencial seguro em todos os planos, contra o avanço de modalidades mediadas por tecnologia ou EAD.
- – Monitoramento das condições referentes à segurança alimentar, especialmente de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, tomando como base as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar, inclusive no que se refere à aquisição de alimentos da agricultura familiar.
- Participação das entidades nos processos decisórios sobre os efeitos da pandemia da Covid-19
III – Acesso e permanência estudantil/gratuidade ativa
1. – Dotação específica, a partir dos orçamentos das instituições, para assegurar políticas efetivas de acesso e permanência estudantil, seguindo padrões isonômicos entre as três estaduais paulistas e o Ceeteps, visando:
1a – Ampliação das políticas de cotas étnico-raciais e sociais, e discussão sobre adoção de políticas de cotas para pessoas trans e com deficiência, na graduação e na pós-graduação.
1b – Moradia estudantil com condições dignas para atender a demanda em todos os campi.
1c – Manutenção e construção de restaurantes universitários em todos os campi, com estrutura e funcionamento adequados às demandas das unidades e funcionária(o)s contratada(o)s via concurso público.
1d – Concessão de bolsas de permanência estudantil conforme critérios socioeconômicos, adotando-se o valor do salário- mínimo vigente no estado de São Paulo.
1e – Todas as bolsas concedidas devem estar estritamente vinculadas às atividades acadêmicas da(o)s bolsistas, com a conversão das bolsas trabalho ou similares em bolsas de permanência estudantil.
1f – Compromisso das instituições com a saúde mental do(a)s estudantes, em especial dos povos indígenas, devido ao choque cultural representado pelo ingresso na vida universitária.
2. – Participação da(o)s estudantes na gestão das políticas de acesso e permanência estudantil, por meio de órgãos paritários e deliberativos.
3. – Contratações de servidora(e)s por concurso público, para lidar diretamente com as demandas da permanência estudantil, por exemplo, assistentes sociais.
IV – Condições de trabalho e estudo
- – Pela imediata contabilização, para toda(o)s as/os servidora(e)s das universidades e do Centro Paula Souza, do tempo de trabalho para fins de licença-prêmio e adicionais de tempo de serviço, como quinquênio e sexta parte, desconsiderada pela LC 173/2020. Aplicação dos efeitos da LC 191/2022 a toda(o)s as/os servidora(e)s que atuaram no enfrentamento à Covid-19.
- – Ampliação do quadro permanente de servidoras e servidores docentes em RDIDP e técnico-administrativa(o)s, via concurso público, atendendo às demandas definidas pelas unidades de ensino e demais órgãos institucionais, garantindo-se novas vagas e a reposição imediata nos casos de exoneração, aposentadoria ou falecimento, mantendo-se as vagas para concursos nos cargos efetivamente em vacância. Pela implementação ou ampliação de políticas de cotas para pessoas pretas, pardas, indígenas e com deficiência, e discussão da extensão desta política para pessoas trans.
- – Garantia de vagas em creches para a(o)s filha(o)s das servidoras e dos servidores técnico-administrativa(o)s, docentes e estudantes, bem como a(o)s filha(o)s das trabalhadoras e dos trabalhadores terceirizado(a)s, de modo a atender a demanda efetiva em todos os campi; pela reabertura das creches existentes. Garantia de contratação de professora(e)s e funcionária(o)s, por meio de concursos públicos. Contra a desvinculação e entrega das creches para organizações privadas.
- – Dotação de centros de atendimento médico e odontológico gratuito à comunidade em todos os campi, com a defesa dos equipamentos públicos de saúde sob gestão das universidades, como os hospitais universitários.
- – Transporte público, gratuito e de qualidade para todas as pessoas que utilizam os campi das universidades e as unidades do Ceeteps, garantindo a locomoção por meio das linhas de ônibus necessárias, com a contratação de pessoal via concurso público.
- – Enquanto não se eliminar o trabalho terceirizado nas três universidades estaduais e no Ceeteps, que as instituições garantam às/aos terceirizada(o)s tratamento isonômico ao da(o)s contratada(o)s (estatutária(o)s e celetistas), seja no que se refere a direitos, condições de trabalho e salário, seja no que é pago a título de benefícios.
- – Garantia à/ao trabalhador/a-estudante de que seu período de estudos seja respeitado, sem quaisquer prejuízos, conforme previsto na Lei n. 10.261, de 28/10/1968, e no Decreto n. 52.054, de 14/8/2007.
- – Que os processos de “avaliação” institucional e docente para efeitos de avaliação, progressão ou promoção na carreira considerem os impactos da pandemia, principalmente sobre as mulheres
- – Que se institua o direito ao recebimento de insalubridade e periculosidade – de acordo com regime geral, inclusive aposentadoria especial a toda(o)s a(o)s servidora(e)s, docentes e técnico-administrativa(o)s.
- – Que se instituam políticas efetivas de combate aos assédios e outras formas de violência.
- – Que se estabeleçam políticas institucionais que garantam inclusão e diversidade, com participação das pessoas envolvidas nos processos decisórios, e ampliação das cotas para pessoas PPIs e trans, inclusive nos concursos para ingresso.
- – Isonomia entre os trabalhadores da Unesp, Unicamp e USP.
- – Pela democratização das instâncias de poder nas universidades e Ceeteps. Que a escolha de dirigentes aconteça e se esgote nas universidades, com o fim da lista tríplice, sem interferência do Executivo, garantindo a autonomia universitária.
- – Implementação de programas socioambientais em todos os campi.
- – Contra as privatizações e terceirizações.
V – Defesa da saúde pública, dos Hospitais Universitários (HU) e Centros de Saúde
- – Defesa do caráter público dos Hospitais Universitários (HU), com reversão de toda forma de privatização (autarquização, fundações, Organizações Sociais – OS etc.) e apropriação privada de sua capacidade instalada e administrativa, com financiamento público adequado para seu funcionamento e melhoria do atendimento à população.
- – Reconhecimento e manutenção dos hospitais universitários como unidades que realizam ensino, pesquisa e extensão.
- – Jornada de 30 horas para as servidoras e para os servidores da área de saúde, que trabalham diretamente no atendimento à população.
- – Contratação de pessoal condizente com as demandas existentes nos HU e Centros de Saúde, por concurso público, de forma a garantir atendimento de qualidade e boas condições de trabalho nestas instituições.
- – Que todas as unidades de saúde instaladas nas dependências dos campi das três Universidades estaduais paulistas tenham o caráter único de atendimento público — 100% SUS e pelo fim da “dupla porta”.
- – Defesa do Iamspe. Reabertura de prazos para adesão de celetistas.
- – Contra a privatização da saúde.
VI – Centro Paula Souza
Pelo reconhecimento e respeito efetivo do vínculo existente entre o Ceeteps e a Unesp (Lei nº 952, de 30 de janeiro de 1976, Artigo 15).
São Paulo, 11 de abril de 2023.
Coordenação do Fórum das Seis