No dia 9/8, realizamos uma plenária de discussão sobre o Teletrabalho e seus impactos para a classe trabalhadora. Tratou-se de um fórum de discussão, ainda sem deliberações, para avançarmos nesse debate na nossa categoria. Foi a segunda atividade formativa sobre o tema que realizamos. Em 2021, fizemos uma live para debater o tema, que pode ser vista no link: https://bit.ly/3KfDEpO

Nessa plenária, priorizamos o diálogo diretamente com a categoria, sem palestrantes convidados. A diretoria do sindicato fez uma abertura um pouco mais longa contextualizando a discussão. Foi traçado um panorama mais geral das transformações no mundo do trabalho, com o avanço de novas tecnologias em conjunto com uma ofensiva cada vez maior sobre os direitos dos trabalhadores em todo mundo, em consonância com os interesses dos patrões de intensificar a exploração sobre a classe trabalhadora. Nesse sentido, está em curso uma nova reestruturação produtiva que coloca em risco milhões de empregos no mundo inteiro. O teletrabalho em si não é bom ou ruim, mas está inserido nesse quadro de transformações que podem afetar a vida dos trabalhadores. Também analisamos rapidamente a legislação aprovada recentemente sobre o tema, que na nossa visão abre margem para novos contratos de trabalho mais precários, sobretudo com a possibilidade de contratação por produção. Além disso, há algo bastante preocupante: a possibilidade de definição dos termos de alteração de contrato através de acordos individuais, e não por acordo coletivo, o que fragiliza as condições dos trabalhadores na negociação. Além disso, há outros problemas na legislação, como a responsabilização dos próprios trabalhadores sobre as condições ergonômicas.

Após a abertura, houve várias falas dos participantes, em alguns casos concordando com os apontamentos feitos na abertura e, em outros casos, destacando que apesar de problemas, haveria aspectos positivos no teletrabalho que deveriam ser considerados. Dentre os aspectos positivos apontados pelos participantes da plenária, destacou-se a maior flexibilidade de gestão dos horários e especialmente a economia de tempo com transporte. Algumas pessoas também se apresentaram como membros de um grupo que defende a implementação do teletrabalho na USP, e falaram sobre uma pesquisa que realizaram com a categoria, na qual houve cerca de 700 respostas, que enfatizavam a economia de tempo de transporte como vantagem principal.

Uma outra questão que surgiu na plenária foi a preocupação com a unidade da categoria, tendo em vista que o teletrabalho não poderia ser realizado por todas as áreas, pois nossa categoria é bastante diversificada. Houve ainda apontamentos sobre os problemas ocasionados por uma regulamentação desse tema por acordos individuais. Nesse sentido, inclusive, alguns dos defensores da implementação chegaram a argumentar sobre a necessidade de termos uma proposta coletiva que se antecipe a uma eventual proposta da reitoria, embora esse seja um tema ainda controverso.

Ao final, definimos como encaminhamento a publicação desse relato no boletim e ainda levar a discussão para o Conselho Diretor de Base, para pensarmos novas discussões e eventualmente chegar a deliberações sobre o tema. Chamou atenção o clima amistoso da plenária e a abertura ao diálogo dos participantes.

Nos últimos dias, recebemos o convite do Sintrajud (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Estado de São Paulo) para participarmos de um ciclo de debates que eles realizarão sobre o tema do teletrabalho e os serviços públicos. Trata-se de uma atividade aberta, veja mais detalhes no link: https://bit.ly/3R3OHF6