O SINTUSP vem solicitando desde fevereiro, quando foi nomeado o novo superintendente de saúde da USP, Dr. Paulo Lotufo, uma reunião para tratarmos as demandas da categoria nessa área. A reunião ocorreu na última terça-feira, 10/05/2022.

Iniciamos a reunião apresentando sucintamente os pontos principais que queríamos discutir com a superintendência:

1 – Desmonte da USP, com a consequente precarização das condições em todos os locais, com falta de funcionários, precariedade das instalações, etc.

2 – Precariedade do Atendimento de Saúde aos funcionários, tanto na capital quanto no interior

3 – Falta ou ineficiência das políticas de saúde na USP: Saúde e segurança no trabalho, Saúde mental, Dependência química/uso abusivo de álcool e outras drogas, Assédio moral, Demissão de pessoas com problemas causados pela própria universidade, entre outros problemas correlatos. Atestados – portaria Gr 6744 e a troca de atestados particulares.

4 – Sesmt: Precarização das condições de trabalho no Sesmt, necessidade de contratação e luta contra a terceirização. Volta do Serviço Social do Sesmt.

Após apresentarmos os pontos que queríamos respostas, o superintendente fez uma fala respondendo alguns dos questionamentos. Destacamos as principais questões na sequência.

Superintendente diz que mudanças no atendimento são de longo prazo e não apresenta plano concreto de melhoria

Certamente as imensas dificuldades com o atendimento de saúde que temos no HU e também junto às prestadoras de serviços no interior é uma das grandes preocupações da categoria no momento. Sobre o tema, o superintendente destacou que é algo que vai demandar uma solução a longo prazo. Até concordou com as críticas às prestadoras de serviço no interior, e mesmo com as dificuldades do HU, mas não detalhou qual será o plano da administração para retomarmos um atendimento de qualidade. Comentou que pretende fazer um levantamento sobre as principais demandas não atendidas no HU para planejar eventuais soluções. De mais concreto, informou do planejamento de um sistema unificado de atendimento de saúde, que será elaborado em parceria com o HC, e já possui verbas para implementação e está previsto para funcionar plenamente em 2 anos. O sistema consistirá de um atendimento telefônico único, para toda a categoria, seja na capital, interior ou litoral, em que a pessoa ligará e informará sobre sua necessidade de atendimento e receberá orientação de um profissional de saúde, que fará uma espécie de triagem e dará informações sobre qual serviço deve ser usado pela pessoa e com que grau de urgência. Este sistema, segundo o Dr. Lotufo, será abrangente e contemplará todos os serviços de saúde oferecidos pela universidade, sejam próprios ou contratados.

Lotufo diz que não será mais necessária homologação dos atestados

Um dos pontos mais interessantes da reunião foi a afirmação de que existem tratativas entre a SAU e o DRH para aceitar diretamente todos atestados médicos de até 15 dias, públicos ou particulares, acabando com a necessidade de troca/homologação de atestados particulares, que consideramos completamente absurda e ultimamente tem causado muitos prejuízos à categoria.

Ainda neste tema, colocamos a luta que fazemos já há alguns anos para que atestados e comprovantes de serviços complementares de saúde, como fisioterapia, psicologia e outros sejam aceitos de forma equivalente aos atestados médicos para fins de comprovação de ausência parciais ou de dias inteiros. Sobre isto, o superintendente disse que pessoalmente concordaria em aceitar os documentos de tratamentos de fisioterapia, mas ponderou em relação a outros atendimentos. De todo modo levaremos esse tema para discussão e negociação de aditivos no Acordo Coletivo.

Lotufo demonstra preocupação com saúde mental e dependência química dos funcionários, mas sem apontar as ações que serão tomadas

Foi declarado pelo superintendente que a SAU dividirá suas competências na área de saúde mental com a nova pró-reitoria de inclusão e pertencimento, sendo que a pró-reitoria atuará mais diretamente junto aos estudantes e a SAU fará sua parte voltada aos trabalhadores. Entretanto não houve maiores detalhes sobre como serão organizados estes serviços e nem quais atendimentos ocorrerão.

Sobre o uso abusivo de álcool e outras drogas, o Dr. Lotufo informou que de sua perspectiva a dependência química é uma doença e deve ser tratada como tal. Sobre estes temas, o SINTUSP atacou duramente o fato de que pessoas adoecidas pelas condições de trabalho na USP sofram processos administrativos e sejam demitidas, fruto de uma política retrógrada de RH e da Procuradoria Geral. O superintendente concordou, embora em termos mais genéricos, em conjunto com as críticas do excesso de processos da gestão anterior.

Preocupações sobre o SESMT ficaram sem resposta

O Dr. Lotufo afirmou que tem dificuldades com o SESMT em sua gestão, e que está trabalhando no assunto. Apesar disso, não respondeu nenhum dos questionamentos feitos pelo SINTUSP, como sobre os rumores de terceirização, a necessidade de recomposição por funcionários concursados ou sobre a volta do Serviço Social, nem apontou nenhuma ação concreta a respeito do SESMT. Afirmou apenas que acha melhor que o SESMT esteja subordinado a uma área da saúde do que a um setor como DRH ou administração, que quer melhorar as condições de segurança nos locais de trabalho e monitorar os óbitos de trabalhadores para fins de identificação de possíveis causas de adoecimento e morte relacionadas ao ambiente de trabalho.

Superintendente critica gestão anterior pela abertura indiscriminada de processos e sindicâncias, e já define agenda para seguirmos discussões

O Dr. Lotufo fez ainda duras críticas à gestão anterior comandada por Paulo Margarido, em especial pela postura de abertura de sindicâncias e processos administrativos como forma de lidar com as diferenças. Até o próprio Lotufo disse ter sido vítima de um processo, que teria contado com a anuência do então vice reitor Hernandes.

Importante destacar que conforme já denunciamos essa prática do Paulo Margarido também se deu contra os trabalhadores do HU que participaram de atos e manifestações reivindicando melhores condições de trabalho durante a pandemia.Temos ainda processos em andamento, que esperamos que sejam definitivamente arquivados.

Ao final da reunião, foram propostos pelo superintendente mais 3 encontros com o SINTUSP, nos dias 24/5, 7/6 e 28/6.

Participe das reuniões do Sintusp para discutir Saúde do Trabalhador

Foi aprovado no último CDB convocação de uma reunião da Secretaria de Saúde do sindicato para prepararmos um grande Seminário sobre Saúde, para aprofundarmos nossas reivindicações e traçarmos um plano de lutas. Em breve divulgaremos a data e formato.