Manifestamos nosso completo repúdio à prisão arbitrária de Paulo Galo, militante dos Entregadores Antifascistas, e de Géssica Barbosa, sua companheira, ocorrida no dia 28/07. Ambos compareceram voluntariamente ao 11º DP para prestarem esclarecimentos por conta da intervenção no monumento em homenagem ao bandeirante Borba Gato que ocorreu no dia 24/07, e acabaram detidos após terem sua prisão temporária decretada no mesmo dia.

A arbitrariedade da prisão é evidente, tratando-se de uma desculpa para perseguir uma importante referência surgida a partir das mobilizações recentes dos trabalhadores de aplicativo. Conforme já destacamos, ambos compareceram voluntariamente à delegacia e não deram qualquer indício de que não colaborariam com a investigação em curso. Como se não bastasse, além de Géssica afirmar que não estava presente no dia da manifestação, ela é mãe de uma criança de três anos. Em 2018, o STF decidiu que mães com filhos/as de até 12 anos que tenham a prisão decretada dessa forma a cumpram em caráter domiciliar. Para o Judiciário paulista, no entanto, aparentemente esse entendimento não é aplicável quando se trata de pessoas pobres e periféricas.

Cabe destacar que a prisão envolve elementos que são claramente autoritários. Ambos são investigados pelo crime de “associação criminosa”, instrumento que vem sendo usado de maneira absurda contra trabalhadores/as que se manifestam politicamente no país. Passamos por isso recentemente na USP, quando a polícia de João Dória tentou criminalizar nossa participação na greve geral de junho de 2019 utilizando o mesmo argumento contra estudantes e companheiros do nosso sindicato. Além disso, a própria prisão temporária é um absurdo por si só, instrumento repressiva que lembra as odiosas prisões para averiguação que eram comuns na Ditadura Militar.

Por fim, é importante apontar toda a hipocrisia envolvendo essa tentativa de criminalização de militantes por conta da intervenção no Borba Gato. Trata-se de um monumento que simboliza o ranço escravagista presente na elite paulista, que elegeu os bandeirantes escravizadores de indígenas e destruidores de quilombos como os “heróis” do estado. Enquanto uma intervenção que buscou abrir o debate a respeito dessa questão é alvo de tamanha repressão, cotidianamente símbolos históricos dos trabalhadores de São Paulo são destruídos sem que haja qualquer comoção.

PELA LIBERDADE IMEDIATA PARA PAULO GALO E GÉSSICA BARBOSA!

LUTAR NÃO É CRIME! ABAIXO À REPRESSÃO

São Paulo, 30 de Julho de 2021

Diretoria Colegiada do Sindicato dos Trabalhadores da USP