A Reunião de negociação foi transmitida. Você pode assistir a íntegra da reunião no link: https://www.youtube.com/watch?v=V626YEtzJqs

Como diz o ditado: “De onde nada se espera, daí é que nada saí mesmo!” Isso resume a reunião de “negociação” entre o Cruesp (Conselho de Reitores da Universidades Estaduais Paulistas) e o Fórum das Seis (que reúne as entidades de funcionários, docentes e estudantes das três universidade estaduais). A reunião foi marcada pelo profundo desrespeito dos reitores com os funcionários, docentes e estudantes das universidades. Após mais de 3 meses que a pauta de reivindicações foi protocolada, os reitores vieram para a segunda reunião de negociação sem responder concretamente a nenhum ponto da pauta.

Uma vez mais, gastou-se boa parte da reunião com uma longa exposição da procuradoria jurídica da USP buscando justificar que não seria possível concessão de reajustes em decorrência da Lei Complementar 173. Toda a ladainha jurídica foi um escudo para os reitores simplesmente não responderem nada, alegando que estavam impedidos pela lei.

Conforme as diversas intervenções dos nossos representantes do Fórum das Seis enfatizaram, a questão não era jurídica, mas sim política. Afinal, os departamentos jurídicos dos sindicatos encaminharam também um parecer bem fundamentado que apontava que a LC não se aplica diretamente às universidades. O próprio reitor da Unesp, ao final da reunião, comentou que as leis tem diferentes interpretações. Portanto, eles adotaram a interpretação que melhor servia aos seus objetivos políticos de manutenção do arrocho salarial!

Se o problema fosse a lei, os reitores ao menos poderiam ter apontado alguma perspectiva concreta de recomposição das perdas salariais. Sequer isso fizeram!

Para tanto, os reitores, na prática, rasgam a autonomia universitária! Isso demonstra que autonomia pra esses senhores só é defendida quando lhes convém! Essa mesma autonomia, conquista direta da luta de funcionários, estudantes e docentes, foi mais uma vez atacada, e dessa vez não pelo governo, mas pelos próprios reitores, por covardia ou conveniência, não sabemos.

Não bastasse o Zero, reitores tentam deslegitimar nossas pautas!

Se o Zero de reajuste e a negativa em apresentar qualquer plano de recomposição dos nossos salários já não fossem suficientes, a reunião foi um show de horrores por parte dos reitores, em particular os da Unesp e da USP. Primeiro, fazendo-se de vítimas, diante das falas contundentes dos membros do Fórum das Seis que apontaram o abandono da autonomia universitária. O reitor da Unesp alegou que se sentia desrespeitado! Ora, desrespeito mesmo é sequer responder às nossas reivindicações! Além disso, o mesmo reitor tentou criar uma falsa divisão entre as pautas salariais de docentes e funcionários e as pautas estudantis, como se fosse possível uma universidade de qualidade com trabalhadores mal remunerados. Nós sempre unimos as demandas, que estão expressas na nossa pauta!

Já o reitor da USP, Vahan, apelou para informações imprecisas sobre a carreira de funcionários, dando a entender que tivemos ganhos reais nesses últimos anos, em uma manipulação que busca igualar recomposição salarial com reformulações de carreira. Pra além de ser uma manipulação, é totalmente fora de lugar, já que nossa carreira está estagnada há pelo menos 8 anos, e nesse período a defasagem salarial ultrapassa os 30%.

Vahan usa inverdades para atacar Sintusp e Adusp

O reitor da USP ainda protagonizou um dos momentos mais constrangedores da reunião, fazendo ataques gratuitos aos sindicatos de docentes e funcionários. No caso da Adusp, afirmou que havia um artigo no site da entidade orientando os docentes a darem aulas “ruins” na pandemia por se oporem ao ensino remoto. De acordo com a direção da Adusp, não houve nada próximo disso!

No caso do Sintusp, numa tentativa de jogar a categoria contra o sindicato, Vahan afirmou que há um ano e meio a reitoria havia solicitado ao sindicato propostas sobre a carreira, e que somente não saiu o edital de progressão horizontal da nossa carreira por conta da demora em apresentarmos tal solicitação. Essa informação não é verdade! Conforme esclarecemos, a reitoria fez eleição de representantes para a Comissão Central de Recursos Humanos em novembro de 2019, e só convocou a primeira reunião em novembro de 2020, ou seja, um ano depois, isso depois de insistentes cobranças do sindicato. Somente aí, no final do ano passado, foi iniciada a discussão da carreira. Apresentamos em fevereiro uma série de diretrizes, e a reitoria somente respondeu agora, em julho. Ou seja, a demora em ter um processo de avaliação pra nossa carreira é totalmente responsabilidade da reitoria!

Reitores não garantem debate democrático sobre a situação da pandemia

Na pauta do Fórum das Seis também consta a necessidade de discussão de um plano sanitário e educacional neste contexto da pandemia. Sobre o tema, particularmente em face do retorno presencial anunciado pelo governo do estado, os reitores ao menos expressaram que, a princípio, não seguirão diretamente as diretrizes do governo estadual. Houve neste ponto diferentes ênfases, com o reitor da Unesp expressando uma posição mais contundente contra o retorno presencial no momento, e os reitores da Unicamp e da USP mais discretos nas suas manifestações.

Entretanto, mesmo com as cobranças do Fórum das Seis, especialmente dos representantes da Adusp e do Sintusp, que enfatizaram a necessidade de que as reitorias recebam as entidades e que qualquer discussão sobre o retorno seja feita de forma democrática, uma vez mais não houve nenhum encaminhamento. Importante lembrar que no caso da USP faz mais um mês que a chefia de gabinete do reitor enviou mensagem ao Sintusp solicitando os nomes para uma reunião com o reitor para tratar do tema, e até agora tal reunião não foi agendada.

Vamos à Luta para garantir nosso Reajuste! Indicativo de Greve para discussão nas unidades!

Essa reunião deixou explícito que sem luta amargaremos mais um ano de arrocho. Diante disso, a diretoria do Sintusp mantém o indicativo de Greve que já havíamos aprovado anteriormente, para ser discutido nas reuniões de unidade e em posterior assembleia a ser marcada. Essa também foi a indicação da Assembleia da Adusp, e sairá como proposta do Fórum das Seis para as categorias das 3 universidades!

Além da questão salarial, também precisamos nos mobilizar contra as iniciativas de retorno presencial irresponsáveis, como vemos na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (ver mais aqui)

Vamos à Luta!