O SINTUSP, a ADUSP e o DCE, junto com o Coletivo Butantã na Luta, organizam um seminário contra o desmonte do HU e pela revitalização do hospital.
O objetivo é aprovar um documento em defesa do hospital, a ser encaminhado para os/as integrantes das chapas que disputam a eleição para a Reitoria da universidade, além de dialogar com representantes da população no sentido de construir um forte movimento, unificando funcionários e estudantes da USP com a população do Butantã, para exigir que a USP realize todas as contratações necessárias para reabrir os leitos fechados e restabelecer a capacidade de atendimento à população e à comunidade universitária, sem sobrecarregar o corpo de funcionários do hospital.
Denúncia: negócios e negociatas por trás do sucateamento do Hospital
A política da Reitoria da USP de não investir nas contratações necessárias para o hospital e na revitalização de sua estrutura faz parte de uma estratégia de inviabilizar o funcionamento do HU, a fim de justificar sua entrega a uma das fundações que proliferam como metástases e que acabarão tomando toda a universidade, se não forem contidas. Essas fundações têm um único objetivo: transformar o hospital em fonte de renda, convertendo a assistência à saúde em mercadoria a ser vendida a preço alto, para aumentar os lucros e acelerar o enriquecimento das fundações e dos professores a elas associados — tal como já ocorreu com o HC da capital, com o HC de Ribeirão Preto e com o HRAC de Bauru.
Investimento disfarçado de verbas da USP em negócios privados da FFM e da FAEPA
Enquanto asfixiam o HU com falta de funcionários e de investimentos, buscando sucatear o hospital para justificar sua entrega a uma fundação, a Reitoria da USP e os professores que compõem a maioria do CO investiram quase meio bilhão de reais da universidade em dois hospitais da Secretaria Estadual da Saúde, em pouco mais de dois anos.
Em 2023, o CO aprovou um “investimento” de 150 milhões de reais no HC de São Paulo e de 67 milhões no HC de Ribeirão Preto, ambos pertencentes à Secretaria Estadual da Saúde. Há pouco mais de dois meses, o mesmo reitor e o mesmo CO aprovaram outro gasto de 281 milhões de reais em um negócio que beira o surreal: esse dinheiro foi utilizado na compra de um terreno do Estado, próximo ao campus de Ribeirão.
Após vender o terreno para a USP, o próprio Estado deverá construir nele uma nova unidade do HC de Ribeirão, hospital que, como se sabe, pertence à Secretaria de Saúde do Estado. O absurdo é que, após a conclusão da obra, a USP entregará a nova unidade novamente ao Estado, para que seja gerida pelo próprio governo estadual.
Assim, os 281 milhões gastos na compra de um terreno para depois devolvê-lo, somados aos 217 milhões “investidos” em 2023 em dois hospitais estaduais, totalizam 498 milhões de reais desviados da USP para hospitais que pertencem ao Estado, mas estão sob gestão da FAEPA e da FFM. Isso permite às duas fundações usarem toda a estrutura hospitalar como balcão para seus negócios particulares.
Um exemplo é o HC de São Paulo, que mantém mais de 30% de seus leitos reservados para clientes de operadoras de planos privados, atendidos por uma “segunda porta” e com prioridade em detrimento dos pacientes do SUS.
É através desses e de outros negócios que a FFM, instituição privada supostamente sem fins lucrativos, conseguiu acumular cerca de 1 bilhão de reais em caixa e aplicações, segundo dados publicados pela revista da ADUSP.
É com esse tipo de objetivo que professores por trás dessas fundações, instalados em cargos do CO e em posições de poder dentro da universidade, se apropriaram indevidamente de 498 milhões de reais da USP para, sob o pretexto de investir em hospitais estaduais, fomentar seus próprios negócios — utilizando hospitais públicos contra os usuários do SUS.
E são esses mesmos professores-empresários, encrustados nos postos de mando da universidade, que desejam entregar o HU a uma de suas fundações privadas. Para atingir tal objetivo, desmontaram o hospital ao custo de vidas humanas, perdidas em consequência dessa política criminosa.
O que pode vir em seguida?
Não será surpresa se o próximo passo for a apresentação de um projeto de autoria de um desses professores — elaborado a partir de um “diagnóstico” também feito por eles — indicando como única saída para o HU a sua entrega à gestão de uma fundação. Outra possibilidade é a desvinculação do hospital da universidade e sua transferência para a Secretaria Estadual da Saúde, que o repassaria a essas mesmas fundações. Assim, o HU entraria no mesmo círculo dos hospitais que recebem investimentos da USP, mas são geridos por fundações privadas, como já ocorre no HC de São Paulo e no HC de Ribeirão Preto.
É preciso dizer não!
Chamamos os funcionários da USP em geral, e do HU em particular, a cerrar fileiras em defesa do hospital, do SUS e da saúde pública e gratuita! Saúde não é mercadoria! Vidas humanas valem mais do que os lucros almejados por professores que praticam capitalismo sem riscos, utilizando o patrimônio da universidade! Fora fundações e OSS da USP, e tirem suas mãos do HU!