Temos recebido cotidianamente diversas denúncias de assédio moral. Nos boletins 02 e 03/2025 denunciamos o caso da ECA que está longe de ser exceção. Todos os dias chegam no sindicato relatos de assédios de todos os tipos. Muitos desses trabalhadores já se encontram adoecidos permanentemente, tendo que tratar os sintomas de ansiedade, depressão e burnout (este último ainda subnotificado). Os que não estão doentes seguem sendo massacrados no cotidiano. Até quando vamos entregar nossa saúde mental para a USP, que não faz nada para combater o assédio moral e precarização do trabalho? Essa Situação não pode continuar.
No ano passado, o Brasil registrou um número alarmante de afastamentos por questões de saúde mental, com mais de 288 mil casos relacionados a ansiedade e depressão, o maior índice em uma década. Dados revelam que 48% desses afastamentos estão diretamente associados a ambientes de trabalho tóxicos, onde práticas como assédio moral, humilhação e pressão excessiva são frequentes. Esse cenário não só evidencia o adoecimento psicológico dos trabalhadores, mas também reforça a urgência em combater o assédio moral no ambiente de trabalho e maior cuidado em relação a saúde mental.
Hospital Universitário: Etarismo e autoritarismo contra funcionários
No último mês, recebemos a alarmante denúncia de uma funcionária da divisão financeira do HU, que foi expulsa pelo chefe do setor. A chefia em questão acostumou-se a não ser contrariada pelos funcionários e não se furtava a proferir comentários etaristas ou tóxicos no local de trabalho. Insinuações sobre a disposição ao trabalho, a idade, dificuldade dos funcionários realocados e críticas veladas tornaram o ambiente de trabalho um local de constantes tensionamentos. A situação se agravou quando uma funcionária que havia sido transferida para o setor há pouco mais de 10 meses desligou o ventilador da chefia, que se encontrava fora da sala. Isso foi o suficiente para o chefe expulsa-la aos gritos do setor, enquanto a funcionária ainda almoçava na copa, mandando-a “passar no RH” para que eles a colocassem em outro local. Assim, como se fosse uma peça de mobília.
Essas chefias se multiplicam no hospital e pela USP toda e são premiadas com cargos de confiança pelos diretores e superintendentes. Ao que parece, a USP tem predileção por esses tipos que se sentem donos dos locais de trabalho e do corpo de funcionários e acham que podem ofender, fazer insinuações sobre a idade, a orientação sexual ou a capacidade intelectual dos trabalhadores, sobretudo das mulheres. O tom passivo-agressivo serve para disfarçar alguma agressão mais escancarada, que poderia rapidamente resultar em maior rechaço e processos de assédio moral, adoecendo paulatinamente as vítimas. Esse perfil de chefe é o mesmo de alguns dirigentes da universidade que tratam os funcionários e seus representantes como idiotas e depois acusam o sindicato de truculência ao tratar dos direitos dos trabalhadores. A reação dos oprimidos é resultado da virulência com que nos atacam.
Passamos mais de um terço dos nossos dias no trabalho. A USP, exemplo de excelência, só é tida como a melhor universidade do país graças aos trabalhadores que dela participam. É inaceitável que os trabalhadores, que são fundamentais ao status que mantém a USP nos rankings internacionais, passem um terço das suas vidas dentro de um local de trabalho tóxico e percam sua saúde mental, de forma irreversível na maioria dos casos, por causa de chefetes que, ao contrário da excelência, propagam o que existe de mais atrasado na sociedade.
É preciso dar um basta de assédio moral na Universidade! Basta de adoecer trabalhando! A USP precisa assumir um compromisso real de combate ao assédio moral e assinar o TAC (Termo de Ajuste de Conduta) urgentemente!