
Neste 8 de março, nós, mulheres trabalhadoras da USP, nos unimos às lutas das mulheres em todo o mundo para reafirmar nosso compromisso no combate a todas as formas de opressão, exploração e violência. As extrema-direita no Brasil e no mundo avançam em atacar direitos elementares.
Com a ascensão de Trump nos estados Unidos e de governos reacionários como Milei na Argentina, mulheres, LGBTs e negros se tornam o alvo prioritário de ataques, inclusive no Brasil, onde as políticas de conciliação do governo de frente ampla de Lula e Alckmin rifam os diretos das mulheres se comprometendo em alianças com partidos da extrema direita reacionária que não cansam de lançar ataques como o PL 1904 e o Estatuto do Nascituro.
Os ajustes e as políticas de austeridade cortam principalmente os recursos destinados ao combate à violência de gênero. Tarcísio e seus aliados, como o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes, além de nomearem secretarias antifeministas e antiaborto, atacam o aborto legal. Neste ano, destacamos a luta contra a escala 6×1, que superexplora a nossa classe, sobretudo as mulheres trabalhadoras.
Mulheres trabalhadoras contra a escala 6×1
A escala 6×1 é um retrocesso que atinge diretamente as mulheres trabalhadoras, intensificando a jornada dupla e tripla de trabalho. Enquanto cuidamos de nossas casas e famílias, somos submetidas a uma rotina exaustiva, que compromete nossa saúde física e mental. Na USP, a escala 6×1 é feita pelas trabalhadoras terceirizadas que, além de toda a sobrecarga de trabalho, ainda têm jornadas distintas dos trabalhadores efetivos.
No entanto, com o banco de horas e a compensação de pontes e feriados instituída pela USP, na prática, muitas trabalhadoras efetivas acabam por trabalhar muito mais do que as 40 horas da jornada oficial. Nossa luta contra a compensação de horas se soma a luta contra a escala 6×1, pois isso é uma questão de direito para todas as mulheres trabalhadoras!
Trabalhadoras terceirizadas: a face da precarização e do racismo
A terceirização na USP tem um claro caráter racista e sexista. As trabalhadoras terceirizadas, em sua maioria mulheres negras, enfrentam diariamente a precarização que vai além de seus baixos salários e da falta de direitos básicos. Essa realidade é fruto de um sistema que explora e oprime as mulheres, especialmente as negras.
A desigualdade salarial no Brasil entre os gêneros é ainda gritante. As mulheres ganham em média 20% menos do que um homem branco. Um outro dado muito escandaloso é que as mulheres negras ganham menos que todos os demais grupos sociais e em comparação com os homens não-negros, elas ganham menos da metade do salário médio. É a demonstração clara da herança escravocrata e patriarcal da sociedade capitalista.
Em 2023, nosso sindicato junto a juristas, intelectuais e organizações políticas e sindicais, lançou o Manifesto contra a Terceirização e a Precarização do trabalho (bit.ly/AssineContraPrecarizacao), que já conta com milhares de assinaturas. Participe você também!
Luta pelo direito ao BUSP para todas trabalhadoras terceirizadas
O direito ao transporte na cidade universitária é uma das muitas desigualdades enfrentadas pelas trabalhadoras terceirizadas. Enquanto estudantes, docentes e funcionários efetivos têm acesso ao BUSP, as terceirizadas são excluídas desse benefício, o que aumenta ainda mais a precarização de suas condições de vida.
Pela legalização do aborto: autonomia sobre nossos corpos
A criminalização do aborto é uma violência contra as mulheres, especialmente quando se refere às mulheres pobres e negras, uma vez que elas são as mais atingidas por essa política de morte. Segundo dados do Ministério da Saúde, 1 em cada 5 mulheres já realizou um aborto no Brasil, e a maioria dessas mulheres é negra, jovem e de baixa renda. A ilegalidade do aborto não impede sua prática, mas a torna perigosa: estima-se que 1 milhão de abortos inseguros são realizados anualmente no país, resultando em milhares de internações e mortes evitáveis de mulheres.
As mulheres negras são as mais afetadas por essa realidade. Elas representam a maioria das vítimas de mortes por abortos clandestinos, evidenciando como o racismo estrutural e a desigualdade social se cruzam para aprofundar a violência contra seus corpos. A legalização do aborto deve ser compreendida, neste contexto, como uma questão de saúde pública, justiça social e de direitos humanos. Nenhuma mulher deve ser presa, humilhada ou morrer por decidir sobre seu próprio corpo.
Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito fornecido pelo SUS! Educação sexual para prevenir, Contraceptivos para não engravidar e Aborto legal para não morrer!
Toda solidariedade às mulheres palestinas
Neste 8 de março, não podemos nos calar diante do genocídio do povo palestino. As mulheres palestinas resistem há décadas à ocupação colonialista, à violência e à opressão do Estado sionista de Israel.
A luta das mulheres palestinas é nossa luta!
8 DE MARÇO: DIA DE LUTA!
O 8 de março não é uma data para flores ou homenagens vazias. É um dia de luta, de resistência e de mobilização. Convidamos todas as trabalhadoras da USP a se unirem às atividades e atos que marcarão esta data, reforçando nossa luta por a sociedade livre de todas as formas de opressão e exploração.
Participe conosco, em São Paulo, às 14h no MASP, caminhada até a praça Roosevelt, ato em defesa da mulheres e por nossas lutas!
Em Ribeirão Preto, às 9h no Teatro Pedro II