No último ano, o debate sobre a escala 6X1 tomou o país. A jornada de 44h, que compreende 6 dias de trabalho, somada as reformas trabalhistas de Temer e as medidas da “carteira verde-amarela” de Bolsonaro, aumentaram ainda mais a exploração do trabalho ao mesmo tempo em que vemos as condições de vida e de saúde decaírem bastante. Nos últimos dias, o debate em torno do valor dos alimentos chamou a atenção. Itens básicos da mesa do trabalhador atingiram preços exorbitantes. Resultado: trabalhamos mais que nossos antepassados, comemos pior e vivemos sob estresse e adoecimentos constantes.

Debater a vida além do trabalho, o tempo que dedicamos ao lazer, a cultura e ao convívio com nossos familiares e amigos, é retomar o sentido da existência dos seres humanos. Como disse Antônio Cândido, professor da USP, morto em 2017, “Tempo não é dinheiro, tempo é o tecido da nossa vida”. A vida dos trabalhadores deve pertencer a eles e não ao patrão. O tempo que temos precisa estar em função de ter mais qualidade de vida, de ampliar os horizontes, e não em função dos lucros.

As políticas privatistas da extrema direita, com Tarcísio em São Paulo, somadas ao arcabouço fiscal do governo Lula e a manutenção das reformas de Temer e Bolsonaro são o absoluto oposto dos interesses do trabalhador. Favorecem os interesses dos empresários em detrimento aos interesses da classe trabalhadora que tudo produz e faz o país e o mundo funcionarem. Por isso, lutar contra a escala 6X1, pela redução da jornada de trabalho para 30 horas e a revogação da reforma trabalhistas e da previdência é lutar para retomar o tempo e o direito à vida nas nossas mãos.

Na USP hoje, a escala 6X1 é exercida pelos trabalhadores terceirizados. São jornadas de 44 horas, 6 dias na semana, ou no regime de escalas 12 horas por 36 horas, e salários que representam pouco mais do que um salário mínimo. Esses trabalhadores além de receberem menos e trabalharem mais, sofrem com constantes redução dos quadros funcionais, fazendo com que tenham de trabalhar cada vez mais nas 8 horas que passam dentro da universidade. Para piorar, gastam um enorme tempo tendo que se descolar pelo campus a pé, pois a USP se nega a conceder o BUSP, o cartão do circular, para que possam andar pelo campus livremente e, com isso, ter mais tempo para o descanso.

Nosso sindicato levantou com bastante força nos últimos anos a luta pelo direito ao BUSP para todas as terceirizadas como parte da luta contra a terceirização e pela efetivação dos trabalhadores terceirizados sem a necessidade de concurso, como parte do combate contra à precarização do conjunto dos trabalhadores e do projeto privatista de universidade. Os trabalhadores da USP, que já sentem na pele a precarização do seu trabalho, com o adoecimento físico e mental e a piora nas condições de vida, precisam entender que a luta contra a terceirização, por igual direitos para os terceirizados, é uma luta em defesa dos próprios postos de trabalho e dos direitos conquistados. Quanto mais avança a terceirização, pior fica nossas condições de trabalho.

Os funcionários efetivos não estão diretamente ligados à escala 6×1, pois cumprem a jornada de trabalho de 40 horas, 5 vezes por semana. Porém, a implementação do banco de horas permitiu à USP flexibilizar a jornada de trabalho, fazendo retroceder um direito histórico da classe trabalhadora, a jornada de 8 horas diárias de trabalho. Com a compensação dos dias de ponte de feriado e recesso, dias que a universidade está FECHADA, trabalhamos muito mais que às 8 horas diárias. No comunicado divulgado pela reitoria, a compensação de horas de 2024-2025 atinge absurdas 92 horas! Isso dá pelo menos 45 minutos diários de compensação de horas. Por isso, a luta contra a escala 6X1 é uma luta de todos nós!

Neste domingo, às 11h no MASP (em São Paulo) acontecerá a 3ª jornada nacional de lutas contra a escala 6X1. É fundamental todas e todos estarem no ato para fortalecer essa luta!