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Com muita alegria escrevo essa carta para informar que o processo administrativo movido pela USP contra mim foi arquivado e o parecer foi de absolvição. Não tenho palavras para agradecer o apoio de cada um.

Queria dividir com vocês que essa vitória foi conquistada graças a luta das trabalhadoras e dos trabalhadores da USP que se fortaleceu enormemente com o apoio  imenso de cada um de vocês que assinaram o manifesto contra a perseguição e ameaça de demissão que eu estava sofrendo por lutar ao lado dos trabalhadores do Hospital Universitário por condições dignas de trabalho e segurança sanitária em meio a uma pandemia que vitimou quase um milhão de pessoas no nosso país. Estive batalhando, junto aos meus colegas, para que os terceirizados também tivessem EPI´s e vacinação. Cada uma das assinaturas foi um enorme ponto de apoio nesses quase dois anos em que o processo correu, pois me deu a certeza de que nessa luta ninguém ficaria para trás. Foi também a força que impediu os outros dois processos de seguirem, estes envolvendo mais trabalhadores do HU, em particular do meu setor, além de mim.

Foram inúmeros vídeos, depoimentos, todos importantíssimos que ajudaram a fortalecer não apenas a mim, mas aos lutadores do hospital que, diante da repressão da superintendência e da reitoria, resistiram, fazendo coro às denúncias que apresentamos, fortalecendo a luta em defesa do HU e da saúde pública.

A acusação, absurda, por parte do superintendente do HU da época, Paulo Ramos Margarido, negava o óbvio: o direito de defender a vida daquelas e daqueles que foram a linha de frente do combate à pandemia diante de um governo que cruelmente boicotava todas as ações necessárias para conter o avanço do vírus, sejam medidas elementares como as máscaras, seja a distribuição de vacinas. As reivindicações que defendi eram parte de uma ampla campanha por condições de trabalho e atendimento da população no contexto da pandemia, levada à frente pelo Sintusp, pela Adusp, e diversas entidades e segmentos da universidade e dos moradores, e foram objeto de denúncia de congregações de faculdades e parlamentares. Ao buscarem me punir queriam de fato calar todos os trabalhadores que se levantassem contra as condições que lhes eram impostas. Queriam atingir as entidades classistas de trabalhadores, docentes e estudantes dessa universidade, minar nossa organização.

Mas vencemos mais essa batalha, companheiros!

A luta continua em defesa da saúde pública, gratuita e de qualidade para todos. Em defesa das trabalhadoras terceirizadas que sofreram com a invisibilização de seu trabalho e de suas vidas na pandemia. Por isso, impulsiono o Manifesto contra a terceirização do trabalho que conta já com 5 mil assinaturas. Em defesa do piso da enfermagem. Em defesa da universidade pública contra as investidas privatizantes dos governos. E tenho a certeza que estaremos juntos nessas lutas.

São Paulo, 22 de agosto de 2023

Muito obrigada pelo apoio e dedicação!

Bárbara (Babi) Della Torre