As trabalhadoras da limpeza da Faculdade de Medicina, com vínculo precarizado, via terceirização, sofreram ao longo do último ano com diversos atrasos nos pagamentos de salário, vale-transporte, vale-alimentação, vale-refeição, participação nos lucros e décimo terceiro salário, além de não receberem material de limpeza e EPIs adequados para a realização dos trabalhos com segurança, em especial, porque se trata de limpeza em laboratórios de pesquisas biomédicas, onde trabalha-se com micro-organismos patogênicos e material biológico humano, assim como o Centro de Saúde Escola Butantã, que faz atendimento de saúde primária à população da região do Butantã, trazendo riscos à saúde delas e da comunidade uspiana e local. Ocorrendo o mesmo com as trabalhadoras do SVOC e da FOFITO.
A situação agravou-se com a recusa da empresa em pagar os salários e benefícios referentes ao mês de março, que levou a um atraso de 14 dias.
No dia 19/04/2023, foi feita uma manifestação das trabalhadoras da limpeza da FM, SVOC, FOFITO e CSEB com apoio do SINTUSP, do SIEMACO, dos coletivos de estudantes: Núcleo Ayé (Coletivo Negro da FMUSP), Juventude Faísca Revolucionária, Centro Acadêmico XXI de Junho (Centro Acadêmico da Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP), Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Centro Acadêmico dos estudantes de Medicina da FMUSP) e Diretório Central dos Estudantes Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE Livre da USP) em frente à Faculdade de Medicina, chegando a fechar duas faixas da Av. Dr. Arnaldo.
A luta dessas trabalhadoras trouxe o resultado esperado: o pagamento do salário e dos benefícios referentes ao mês de março em menos de 24 horas após a manifestação! Além do compromisso feito pela Direção da Faculdade de Medicina de que não haveria nenhuma punição fruto da mobilização; de que a fatura da empresa seria utilizada para pagar o salário e benefícios do mês de abril e de outros não pagos pela empresa; e do empenho em garantir a manutenção do trabalho delas nas unidades administradas pela FMUSP. Essa luta só mostra que quando nos unimos, estudantes e trabalhadores, efetivos e terceirizados, somos mais fortes! Importante ressaltar a força das mulheres trabalhadoras, que eram linha de frente dessa luta e o quanto essa situação escancara o quanto a terceirização é uma política que serve para dividir nossa classe e vulnerabilizar as trabalhadoras nessa condição de terceirização. A USP é responsável por essa exploração e opressão pois naturaliza esse tipo de contrato precário de trabalho. Por isso nós do SINTUSP defendemos iguais salários e direitos e a efetivação sem concurso de todas estas trabalhadoras terceirizadas e nos somamos ao Manifesto impulsionado pelos Professores Jorge Luiz Souto Maior e Ricardo Antunes contra a precarização do trabalho.
Parabéns às trabalhadoras da limpeza da FMUSP por resistirem e lutarem por seus direitos!
Esses dias de luta ao lado dessas trabalhadoras foram inspiradores e sentimos saudade das nossas greves! Que esses ventos de luta de classe cheguem a toda USP também!
São Paulo, 20 de abril de 2023
Diretoria do Sintusp