Há mais de uma década o transporte dentro da Universidade de São Paulo foi privatizado e passou a ser administrado pela SPTrans. Isso ocorreu como parte do processo de desmonte do serviço público, de terceirização das atividades operacionais e de precarização do trabalho, os ônibus circulares da USP (anteriormente operados por trabalhadores da Prefeitura) foram substituídos por ônibus da SP Trans restringindo o acesso antes gratuito e irrestrito.

Como medida para garantir o transporte de professores, estudantes e trabalhadores efetivos, a Reitoria da USP fez uma parceria envolvendo milhões de reais com a SPTrans para a inclusão de linhas circulares entre o terminal Butantã e o Portão 3 da Universidade. As consequências para a comunidade USP vêm sendo sentida ano após ano com o baixo número da frota e a superlotação dos pontos e dos ônibus.

Mas ninguém foi mais afetado com essa privatização do transporte interno na USP do que os trabalhadores terceirizados, em sua maioria mulheres, que trabalham durante anos para que universidade possa manter suas atividades e são discriminadas pois não tem um direito elementar como andar nos ônibus circulares, como qualquer trabalhador efetivo, estudante ou professor. Para aqueles que a Reitoria considera como “comunidade interna” (estudantes, professores e trabalhadores efetivos), ela desembolsou outros milhões de reais para a iniciativa privada para garantir o tão conhecido BUSP, bilhete que permite o acesso gratuito a estes ônibus circulares.

Enquanto isso, milhares de trabalhadores terceirizados são obrigados a andar quilômetros de suas casas ao redor da USP, ou do metrô Butantã, ou então mesmo recebendo os menores salários e com menos direitos são obrigados a pagar com dinheiro do seu próprio bolso para poderem entrar ou circular pela Universidade onde trabalham!

O absurdo da terceirização se vê cotidianamente, no assédio e na exploração com que as trabalhadoras são tratadas; na falta de direitos básicos, como acesso à saúde, acesso à creche, acesso ao CEPEUSP, acesso à alimentação; vítimas recorrentes de empresas criminosas que atrasam os salários e benefícios e da omissão permanente da Reitoria e inúmeros Diretores de Unidades.

Ainda mais escandalosa é a proibição de que essas trabalhadoras possam circular dentro da USP, a Universidade na qual trabalham, como qualquer outro estudante, trabalhador ou professor, sem ter que pagar por isso ou tendo que fazer longas caminhadas para poder chegar ao seu local de trabalho! A reitoria que fala em inclusão, na prática, está excluindo e discriminando essas trabalhadoras ao negar o acesso ao BUSP (Bilhete USP) para que possam andar nos circulares gratuitamente.

DIREITO AO BUSP PARA TODAS TRABALHADORAS TERCEIRIZADAS!

É fundamental a unidade entre estudantes, trabalhadores efetivos e terceirizados, professores para lutar em defesa do direito ao BUSP para as trabalhadoras terceirizadas, como parte da luta por iguais direitos e salários aos trabalhadores efetivos e rumo à efetivação de todos que já trabalham sem necessidade de concurso público. Chamamos o DCE, Centros Acadêmicos, a Adusp, APG, Núcleo de Consciência Negra e as agrupações e organizações políticas e movimentos sociais a se somarem a uma ampla campanha para garantir esse direito elementar a todas as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados