O ano de 2022 está se encerrando. Foi o primeiro ano da nova gestão reitoral, de Carlotti/Arminda. A atual gestão assumiu depois de duas gestões de continuidade, de Zago e depois de Vahan, que se notabilizaram por uma postura bastante autoritária. Embora Carlotti e Arminda tenham feito parte dessas gestões, foram eleitos com ares de oposição, ou ao menos de diferenciação. Buscaram, na campanha, parecer mais abertos ao diálogo e avançar na democracia interna da universidade. Após um ano de gestão, podemos já fazer um balanço inicial.

Política Salarial: reposição insuficiente e nenhum diálogo!

Um dos pontos que mais nos preocupa é a defasagem dos nossos salários e benefícios depois de ao menos uma década de arrocho. Conseguimos, diante das ameaças de deflagração de uma greve, arrancar a antecipação da negociação e um reajuste de 20,67% em março.

No entanto, isso não foi suficiente para repor nossas perdas. De acordo com os cálculos do Fórum das Seis, para repor o poder de compra de nossos salários de 2012 até agora, seriam necessários ainda mais aproximadamente 20% de reajuste.

Também reivindicamos a valorização dos salários mais baixos, e por isso apresentamos uma proposta de um valor fixo de R$1.200,00 para todos, de modo a impactar proporcionalmente mais para os que ganham menos.

Depois de março, não houve mais negociações de fato das nossas pautas. Ao mesmo tempo, os caixas da universidade seguem aumentando e o comprometimento da receita com folha é um dos mais baixos da história. Para completar, a reitoria ainda aprovou no CO uma verba para valorizar os docentes em início de carreira, sem falar nada com relação aos funcionários.

Recursos Humanos – museu de grandes novidades!

A política de recursos humanos e nossas reuniões com a Copert não representaram, até agora, nenhum avanço real. Em certo sentido, ficaram ainda mais travadas que antes, já que sequer alguns casos individuais de transferências e afins conseguimos avançar nessa nova gestão.

Conseguimos um avanço relevante no nosso Acordo Coletivo sobre as possibilidades de atendimento de saúde, mas ainda abaixo do necessário.

O grande tema que assola nossa categoria, que é o volume de horas de compensação por conta das pontes e do recesso, períodos em que os docentes podem desfrutar sem necessidade de compensação, não houve avanço. Há uma sinalização da reitoria de seguir essa discussão, mas nada concreto. E ainda tivemos o acúmulo de mais horas por conta da Copa do Mundo, sem citar a trapalhada do último ofício sobre o tema.

O desconto salarial de trabalhadores que ficaram devendo horas dos bancos anteriores revelou uma grande insensibilidade da reitoria. Afinal, passamos pela pandemia, esse banco de horas deveria ter sido zerado, ou no mínimo ter maior empatia pelos casos específicos. A resposta padrão para os casos que enviamos foi reveladora da política de recursos humanos ainda reinante na USP. Não à toa os casos de adoecimento mental aumentam aos montes!

Contratações: Plano sem diálogo e totalmente insuficiente!

A reitoria apresentou o seu plano para novas contratações até o final dessa gestão. Enquanto para docentes a proposta é de repor as perdas desde 2014 até aqui, para funcionários a proposta prevê repor apenas 10% do que perdemos nesses 8 anos.

A proposta é de contratação de irrisórios 400 novos funcionários, sendo que perdemos mais de 4 mil desde 2014.

E isso foi definido unilateralmente, sem nenhuma discussão com a comunidade.

HRAC: relação duvidosa com as Fundações, desrespeito com funcionários e nenhum diálogo!

Esse primeiro ano da gestão foi marcado pela consolidação da destruição do HRAC e a sua entrega para uma entidade privada, curiosamente para a Fundação ligada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que é gerenciada e tem como membros vários dos colegas do reitor Zago, que aprovou a desvinculação em 2014, e também do atual reitor Carlotti, que agora a sacramenta.

Desde o início do ano houve uma grande campanha, que mobilizou os funcionários do Centrinho, pacientes e seus familiares, a comunidade de Bauru e de várias partes do país, que contou com apoio de parlamentares e profissionais da saúde até de outros países. Mesmo com os apelos para que a Universidade rediscutisse a questão, a reitoria foi irredutível. O reitor negou-se reiteradamente a pautar o tema no Conselho Universitário.

Também tentamos discutir os termos da transição, para termos garantias para os funcionários. Não houve nenhum diálogo, e ainda a reitoria fez pressão vergonhosa, com ameaças de transferência compulsória para os que se negaram assinar o termo de anuência. Enfim, um festival de autoritarismo, tudo em prol de entregar o Centrinho para a iniciativa privada.

Esses são alguns traços iniciais desse balanço do 1º ano da gestão reitoral. No próximo boletim seguiremos com essa discussão e quais lições podemos tirar sobre tudo isso!