Reproduzimos a charge de Aline Fiori publicada pelo Jornal do Campus Edição 551

No dia 27 de novembro acontecerá a votação “pra valer” para o próximo reitor ou reitora da USP. Mas quem pode votar?

Quem escolherá o próximo reitor ou reitora da USP é o bolsonarista Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo a partir de uma lista tríplice eleita pelo colégio eleitoral da USP formado essencialmente pelo Conselho Universitário, pelos Conselhos Centrais, pelas Congregações das Unidades e pelos Conselhos Deliberativos dos Museus e dos Institutos Especializados, ou seja, um grupo restrito de representantes institucionais, majoritariamente compostos por professores titulares. Num universo de quase 120 mil pessoas da comunidade uspiana, sendo mais de 12 mil funcionários efetivos e 5 mil terceirizados, um número ínfimo de trabalhadores participam do colégio eleitoral, membros do CO e membros das congregações. Embora sejamos cerca de 15% de toda a USP e responsáveis pelo funcionamento da universidade, nossos “votos” se resumem a algumas dezenas. Nem falar estudantes que são a maioria absoluta e tem representação ínfima. Ou seja, é um processo antidemocrático em essência.

É preciso questionar o fato de que numa universidade, cujos valores são: “Guiar-se pela excelência acadêmica, respeito aos direitos humanos e compromisso com a democracia. Na qualidade de instituição pública, orienta-se pela autonomia universitária, ética, equidade, diversidade, colaboração interinstitucional, sustentabilidade e responsabilidade social”   (retirado do site da USP) a quase totalidade dos seus integrantes seja excluída do processo, não podendo votar ou ser votado. O que qualifica um professor da Medicina, da FAU ou da Poli, mais do que a qualquer outro membro da comunidade, a gerir uma universidade cujo funcionamento vai além da excelência acadêmica? Por que apenas professores titulares podem votar (além de ser votado) para reitor? E por que o governador decide o reitor se as universidades têm autonomia? Essas são perguntas essenciais para entendermos que:

1.      Não, não votamos para reitor.

2.      O processo é totalmente absurdo e antidemocrático

3.      E sim, a USP continua sendo essencialmente elitista

Na semana passada, no dia 18 de novembro, ocorreu a consulta pública para reitoria da USP. Se o processo eleitoral já é totalmente antidemocrático, a consulta é, na verdade, uma farsa protagonizada pela reitoria para fingir democracia sem, no entanto, precisar ser minimamente democrática. Manter as aparências para esconder a sua essência.

A chapa vencedora da consulta foi a USP pelas Pessoas encabeçada pelo Aluisio Augusto Cotrim Segurado (Faculdade de Medicina) e Liedi Légi Bariani Bernucci (Escola Politécnica). Essa chapa, favorita entre o atual reitor e o governador bolsonarista poderia ser facilmente confundida com a proposta da atual gestão ou com qualquer outra das duas chapas inscritas (Nossa USP e Novo Tempo). Isso porque, como bem demonstra a charge do Jornal do Campus nada mais parecida com a burocracia universitária da USP pelas Pessoas que a burocracia da Nossa USP ou do Novo Tempo. Em todas o principal é que as chapas manterão o reacionário Parâmetros de Sustentabilidade Financeira da USP, aprovado sob bombas e balas de borracha contra funcionários professores e estudantes em 2017, que limita gastos com contratações e permanência estudantil e abre a porteira para o aprofundamento das parcerias com a iniciativa privada e terceirização. Por isso, orientamos os representantes de funcionários no colégio eleitoral da USP a VOTAR NULO no dia 27/11 para não compactuar com essa farsa de eleição e não nos comprometer com o próximo reitor ou reitora que venha a gerir a universidade! Sem rabo preso com o patrão!