A demissão arbitrária de trabalhadores recém-contratados na USP revela uma grave distorção no processo de avaliação durante o período de experiência. Não basta superar o difícil concurso público, que exige elevado preparo técnico e conhecimento das novas legislações: para permanecer trabalhando na universidade, é preciso, cada vez mais, cair nas graças da chefia. Em diversas unidades (Poli, Ribeirão Preto, Faculdade de Educação, FEA, etc.) recebemos denúncias que deixaram evidente que as avaliações não são feitas a partir de critérios objetivos e são permeadas por preconceitos, incluindo etarismo, o que tem resultado na exclusão de profissionais aprovados pelo mérito e pelo esforço. ​

As chefias têm aplicado avaliações sem transparência nem fundamentação, resultando em práticas autoritárias e assédio moral contra servidores recém-admitidos. Essas avaliações ocorrem sem discussão coletiva ou real defesa por parte dos trabalhadores, quando deveriam se pautar pelos princípios da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Na prática, o direito de contraditório é negado, retirando do trabalhador a oportunidade de se defender diante de avaliações injustas.

O caso da Poli escancara o preconceito etário dentro da USP: “Mandaram um velho para cá, o que vou fazer com isso?” foi frase ouvida por um trabalhador recém-admitido, aprovado num concurso ultra concorrido e dificílimo, mas considerado “velho” apenas por ter 58 anos. Esse tipo de preconceito não é uma exceção: o etarismo é frequente na universidade e atinge trabalhadores que dedicam suas vidas para o serviço público.

A USP se declara “da diversidade e da inclusão”, mas o cotidiano revela que aprovar-se em concurso público não garante estabilidade nem respeito ao trabalhador. A manutenção do emprego depende da subjetividade das chefias, alimentada por disputas políticas internas e falta de critérios claros de avaliação. O que deveria ser um ambiente inclusivo é marcado por práticas que excluem, adoecem e destroem vidas de quem se dedicou, abriu mão de outras oportunidades e merece respeito. Cartazes coloridos e cursos sobre assédio moral não bastam para garantir ambientes saudáveis, enquanto medidas efetivas contra abusos e preconceitos não são tomadas de fato. É preciso dar um basta às demissões e ao assédio moral!