
A doação do navio Alpha Delphini pelo Conselho Universitário da USP representa mais um grave ataque à universidade pública, à pesquisa, aos estudantes e aos trabalhadores. O processo está diretamente ligado à demissão dos 26 trabalhadores especializados que atuavam nas embarcações do Instituto Oceanográfico, denunciada repetidamente por nós do Sintusp em inúmeros boletins, nas intervenções no CO e nas congregações, na imprensa e em inúmeros atos públicos que fizemos.
Esses trabalhadores, com décadas de experiência, tiveram seus contratos rescindidos sob alegações no mínimo controversas, que encobrem a intenção de precarizar ainda mais o trabalho e avançar na privatização da universidade pública. O abandono do navio Alpha Crucis nos cantões do Porto de Santos e os gastos exorbitantes já realizados em reformas que somam mais de R$ 25 milhões só este ano contrastam com as decisões de entregar um equipamento estratégico para a pesquisa, o ensino e a extensão da USP.
A ADUSP também alertou sobre o impacto dessa política que desmonta laboratórios de pesquisa e enfraquece a USP na sua missão declarada de promover a soberania nacional e o desenvolvimento científico. O Jornal do Campus muito bem colocou que as demissões e a terceirização geram uma “maré de incertezas” que prejudicam toda a comunidade acadêmica e empobrecem a capacidade da universidade de cumprir seu papel social.
A demissões dos trabalhadores do IO e a doação do Alpha Delphini escancaram mais uma vez o projeto da burocracia universitária de transformar a USP em uma grande empresa onde os funcionários sejam terceirizados e o ensino e pesquisa mercadorias. Devemos dizer não a essa lógica privatista!
